ATA DA PRIMEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 05.01.1989.
Aos cinco
dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre,
em sua Primeira Reunião Ordinária da Primeira Comissão Representativa da Décima
Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Artur Zanella, Clóvis
Brum, Décio Schauren, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, Lauro
Hagemann, Luiz Machado, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da
Cunha e Wilson Santos, Titulares, e Airto Ferronato, Cyro Martini, Giovani
Gregol, Heriberto Back, Jaques Machado, José Valdir, Leão de Medeiros, Mano
José e Nélson Castan, Não-Titulares. Constatada a existência de
"quorum", o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou
que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Reunião de Instalação da
Primeira Comissão Representativa, que foi aprovada. Do EXPEDIENTE constaram os
Ofícios de nos 818, 819, 820, 821, 822, 801, 802, 803, 836, 837/88, do
Sr. Prefeito Municipal. Após, constatada a existência de "quorum",
foi iniciada a ORDEM DO DIA, sendo aprovados os seguintes Requerimentos: do
Ver. Artur Zanella, de Votos de Congratulações com nomes relacionados em anexo
ao Requerimento, por terem ganho o prêmio Quero-Quero aos melhores do teatro
gaúcho em 88; com as seguintes pessoas por terem sido eleitas os Destaques do
Ano, pelo Jornal do Comércio: na Administração Pública, Alceu Collares; Ação
Social, Nelson Proença; Agricultura, Odacir Klein; Artes, Ado Malagoli;
Comércio, Roberto Maisonnave; Comunicação, Flávio Alcaraz Gomes; Comunitário,
lone Pacheco Sirotsky; Economia, Banco Meridional Brasil S.A.; Entidades, ADVB,
Mércio Tumelero; Especial, Jorge Gerdau Johannpeter; Especial, Carlos Santos;
Esporte, Cláudio André Taffarel; Exportação, Marcus Vinícius Pratini de Moraes;
Filantropia, Alice Simon; Finanças, Ricardo Russowsky; Indústria, Marcopolo S/A
Carrocerias e Ônibus Caxias do Sul; Literatura, Mário Quintana e em Destaque
Nacional, Mário Amato; do Ver. João Dib, de Voto de Pesar pelo falecimento do
Dr. Humberto Lubisco; do Ver. João Motta, de Moção de Apoio às iniciativas de
entidades e movimentos como a Ação pela Cidadania e Comissões Chico Mendes que
visam lutar pela apuração do assassinado de Chico Mendes; do Ver. Mano José, de
Votos de Pesar pelos falecimentos de Nadir Demezuk Melo; de Luiz Carlos da
Silva Bettio; de Paulo Pery Fragoso Pierry. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Wilson
Santos registrou o transcurso, ontem, do aniversário do programa "Câmara
2", da TV Guaíba. Teceu comentários sobre a votação, pelo Legislativo de
São Gabriel, de benefícios para Parlamentares e Prefeitos daquela localidade,
declarando que seu Partido não concorda com essa posição. Destacou que o PL
pretende argüir a inconstitucionalidade do Fundo de Aposentadoria dos
Vereadores da Casa. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Artur Zanella retomou
assunto discutido ontem, do desaparecimento de máquinas do patrimônio da Casa,
destacando a necessidade de uma sindicância para o devido esclarecimento do
assunto, tendo em vista já estarem sendo divulgados nomes pela imprensa, sem
que existam bases concretas para qualquer acusação. Em COMUNICAÇÃO DE
PRESIDENTE, o Ver. Valdir Fraga discorreu acerca do processo nº 2665/88,
relativo ao desaparecimento de máquinas da Casa, dizendo ter informado à
imprensa a tramitação desse processo e não ter levantado qualquer acusação
contra integrantes deste Legislativo. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Vicente
Dutra falou sobre o elevado nível de insegurança observado na Cidade,
salientando ser esse o problema que mais aflige nossa população e analisando a
viabilidade das soluções geralmente apresentadas para a questão. Propôs a
constituição de uma Comissão Especial para estudo dessa matéria. O Ver.Luiz
Machado, dizendo ter participado, ontem, de debate realizado em Belém Velho,
acerca dos problemas enfrentados por aquela comunidade, lamentou que os
representantes do Executivo Municipal não tenham apresentado, naquela ocasião,
soluções concretas para esses problemas. Salientou a necessidade de
asfaltamento da Estrada Costa Gama. O Ver. João Motta falou sobre Moção de sua
autoria, aprovada hoje, de apoio a entidades e movimentos que lutam pela
apuração do assassinato do Ecologista Chico Mendes. Ressaltou que seu Partido
defende uma política de debate amplo dos assuntos que surgirem neste Legislativo
e da aceitação dos resultados que serão apresentados por esses debates. Apoiou
a proposta efetuada pelo Ver. Vicente Dutra, de criação de Comissão Especial
para estudar o problema da violência em nossa Cidade, analisando a questão. O
Ver. João Dib, destacando sempre ter trabalhado em defesa do meio ambiente,
comentou nota publicada na imprensa, acerca da entrada em vigor de determinação
da Petrobrás de eliminação do chumbo da gasolina. Declarou que encaminhará
Pedido de Providências solicitando campanhas públicas de prevenção de incêndios
no Município. Discorreu sobre a impossbilidade legal de alterações na forma de
cobrança do IPTU para este ano. O Ver. Ervino Besson teceu comentários acerca
do significado do mandato que assume na Casa, dizendo ter plena consciência dos
problemas que enfrenta Porto Alegre, principalmente com relação à segurança
pública. Ainda, em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Wilson Santos, defendeu a
necessidade de criação de uma Secretaria de Segurança Pública, em face dos
problemas enfrentados por essa área, analisando os objetivos e a abrangência
que envolveria essa Secretaria e os benefícios que acarretaria para a
comunidade porto-alegrense. Ainda, em COMUNICAÇÕES, o Ver. Décio Schauren
comunicou que o Ver. Flávio Koutzii ausentou-se para representar a Bancada do
PT na visita do Dep. Luís Inácio da Silva à administração da Frente Popular.
Registrou que os telefones do gabinete do Ver. Heriberto Back encontram-se
desligados. Discorreu sobre o transporte coletivo de Porto Alegre, salientando
diversos problemas observados pelo Ver. Antonio Hohlfeldt ao assumir a
Secretaria Municipal dos Transportes, como falta de tabelas de horários dos
ônibus e dificuldades de fiscalização por falta de pessoal. Ainda em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. João Dib comentou relato da Auditoria da Casa,
acerca da possibilidade de indicação de uma comissão em casos de sindicância,
não concordando com o mesmo e salientando que pela Lei Complementar nº 133 a
sindicância deverá ser feita por apenas uma pessoa. Ainda em COMUNICAÇÕES, o
Ver Artur Zanella discorreu acerca do desaparecimento de máquinas da Casa,
defendendo a votação, ainda nesta manhã, de Requerimento formulado pelo Ver.
João Dib, de criação de uma Comissão Especial para acompanhar a sindicância que
busca o esclarecimento desta questão. O Ver. Adroaldo Correa teceu comentários
acerca das dificuldades em que se encontra o Montepio dos Funcionários
Municipais, em face do não-pagamento pelo Executivo, no ano passado, das quotas
cobradas dos funcionários e que deveriam ter sido repassadas a esse Montepio.
Analisou o assunto, destacando que, a nível nacional, os recursos cobrados dos
servidores geralmente são revertidos para outras áreas, ocasionando a precária
assistência recebida pelos funcionários. O Ver. Isaac Ainhorn discorreu sobre
os motivos que ocasionaram a limitação do horário de abertura dos bares do
Bairro Bom Fim, em abril do ano passado, lamentando que tenha sido sustada essa
limitação, liberando o horário de abertura dos bares daquela área. Ainda em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. João Motta manifestou a posição do PT com relação
ao desaparecimento de material da Casa, dizendo que seu Partido apóia a
instalação de sindicância para averiguação do fato mas não a criação de um
clima de desconfiança entre os funcionários. Reportou-se ao pronunciamento, de
hoje, do Ver. Luiz Machado, acerca de debate ocorrido em Belém Novo,
salientando diversos problemas enfrentados por aquela comunidade, em especial,
a viabilidade de pavimentação da Estrada Costa Gama. Após, o Sr. Secretário
procedeu à leitura do Parecer nº 283/88. Em continuidade, o Sr. Presidente, em
face do Parecer acima referido, indeferiu Requerimento formulado ontem, pelo
Ver. João Dib, de constituição de uma Comissão Especial para acompanhar a sindicância
que apura responsabilidades do desaparecimento de material pertencente ao
patrimônio da Casa. Após, constatada a existência de "quorum", foi
rejeitado, por três votos SIM contra seis votos NÃO, Requerimento do Ver. Artur
Zanella, solicitando a constituição de uma Comissão Especial para averiguar o
anunciado desaparecimento de máquinas desta Casa. Este Requerimento foi
encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib, Vieira da Cunha, Artur Zanella
e João Motta e foi submetido à votacão nominal por proposta do Sr. Presidente.
Ainda, foi aprovado Requerimento do Ver. Vicente Dutra, solicitando a criação
de uma Comissão Especial para examinar problemas que envolvam a segurança da
população de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Nelson Castan comentou a
possibilidade de extinção do BRDE, solicitando a manifestação do Executivo e
Legislativo Municipais a esse respeito e analisando os objetivos e a
importância desse banco para o desenvolvimento do Estado e as conseqüências
resultantes da situação que atualmente enfrenta. Disse que protocolará uma
Moção de Apoio ao BRDE. O Ver. Mano José comentou pronunciamento feito ontem,
na Casa, pelo Líder do PDT, de que aquele Partido estaria preocupado com o
futuro a ser dado aos CIEMs. Destacou a importância de que seja dada uma maior
atenção ao atendimento médico da população, declarando encontrar-se o Hospital
Porto Alegre com graves problemas de funcionamento. Solicitou do PT
providências com relação ao Montepio dos Funcionários Públicos Municipais. O
Ver. Giovani Gregol falou do recebimento, pelo ecologista José Lutzemberg, do
Prêmio Nobel Alternativo e do assassinato de Francisco Mendes. Discorreu sobre
a situação ambiental em que a Frente Popular encontrou Porto Alegre, ao
assumir o Governo. Comentou incêndio ocorrido esta semana na Rua São Carlos,
questionando como foi permitido o depósito de produtos tóxicos em área
residencial. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Vieira da Cunha teceu
comentários acerca da construção da Av. Beira Rio pelo Pref. Alceu Collares,
declarando que essa Avenida inccentivou o uso da orla do rio Guaíba pela
população. Apoiou a posição do Secretário Caio Lustosa de colocação de
infra-estrutura junto ao rio Guaíba para viabilizar seu uso como local de lazer
pela comunidade. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Cyro Martini congratulou-se com
o Ver. Vicente Dutra por requerimento apresentado por S. Exa., de constituição
de uma Comissão Especial para estudar problemas que envolvam a segurança da
Cidade. Salientou os baixos vencimentos recebidos pela categoria dos policiais,
registrando preocupação dos integrantes da organização policial com relação ao
problema da isonomia de vencimentos dessa categoria. Durante os trabalhos, o
Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Vieira da Cunha e
Artur Zanella, acerca da possibilidade de transposição de tempo entre
Vereadores Titulares e Não-Titulares; do Ver. Artur Zanella, acerca da
constituição de Comissão Especial para acompanhar o esclarecimento da questão
relativa ao desaparecimento de máquinas na Casa e do processo nº 2665/88; dos
Vereadores João Dib e Artur Zanella, acerca da regimentalidade de instituição
de uma Comissão para sindicância, tendo em vista que o Estatuto destaca que a
sindicância deverá ser feita por apenas uma pessoa; dos Vereadores Isaac
Ainhorn e Vieira da Cunha, acerca da decisão do Sr. Presidente de indeferir
Requerimento do Ver. João Dib, de constituição de Comissão Especial para
acompanhar Comissão de sindicância quanto ao desaparecimento de máquinas da Casa;
dos Vereadores Artur Zanella, Vicente Dutra, João Dib e Vieira da Cunha, acerca
de Requerimento de autoria do Ver. Artur Zanella, rejeitado pela Casa, que
solicitava a constiuição de uma Comissão Especial para averiguar o
desaparecimento de máquinas da Casa; dos Vereadores Artur Zanella e João Dib,
acerca do art. 154 do Regimento Interno. Também, durante os trabalhos, o Ver.
Isaac Ainhorn solicitou que seja ouvida a Auditoria da Casa com relação ao
Requerimento do Ver. Artur Zanella, já referido, rejeitado pela Casa. Nada
mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quatorze
horas e um minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária
da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Valdir Fraga, Isaac Ainhorn e Adroaldo Correa e secretariados pelos
Vereadores Lauro Hagemann e Adroaldo Correa. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada,
será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR.
PRESIDENTE (Valdir Fraga): A seguir,
passaremos para a
Sobre a mesa, vários Requerimentos para serem votados.
Solicito ao Sr.1º Secretário que os apregoe.
O SR. 1º
SECRETÁRIO: (Lê.) Requerimento de autoria do
Ver. Artur Zanela, Votos de Congratulações com vários artistas gaúchos por
terem ganho o prêmio Quero-Quero aos melhores do teatro gaúcho em 1988; com as
seguintes pessoas por terem sido eleitas os Destaques do Ano, pelo Jornal do
Comércio: na Administração Pública, Alceu Collares; Ação Social, Nelson
Proença; Agricultura, Odacir Klein; Artes, Ado Malagoli; Comércio, Roberto
Maisonnave; Comunicação, Flávio Alcaraz Gomes; Comunitário, Ione Pacheco
Sirotsky; Economia, Banco Meridional Brasil S.A.; Entidades, ADVB, Mércio
Tumelero; Especial, Jorge Gerdau Johannpeter; Especial, Carlos Santos; Esporte,
Cláudio André Taffarel; Exportação, Marcus Vinícius Pratini de Moraes;
Filantropia, Alice Simon; Finanças, Ricardo Russowsky; Indústria, Marcopolo S/A
Carrocerias e Ônibus Caxias do Sul; Literatura, Mário Quintana e em Destaque
Nacional, Mário Amato; do Ver. João Dib, Voto de Pesar pelo falecimento do Dr.
Humberto Lubisco; do Ver. João Motta, Moção de Apoio às iniciativas de
entidades e movimentos como a Ação pela Cidadania e Comissões Chico Mendes que
visam lutar pela apuração do assassinado de Chico Mendes; do Ver. Mano José,
Votos de Pesar pelos falecimentos, de Nadir Demezuk Melo; de Luiz Carlos da
Silva Bettio e de Paulo Pery Fragoso Pierry.
O SR.
PRESIDENTE: Em votação os Requerimentos
ora apregoados. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que os aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADOS.
Encerrada a Ordem do Dia, passamos às
O Ver. Wilson Santos está com a palavra por 10
minutos.
O SR.
PRESIDENTE: Segundo informação, se ainda
me permite o Ver. Wilson Santos, para o Plenário, aqueles Vereadores
não-tiulares têm condições de pedir aparte, discutir. E no momento da sua
oportunidade, ele usará a tribuna como usou ontem. Porque alguns Vereadores nos
perguntaram se poderiam solicitar apartes. O Vereador que não é titular da
Representativa participa normalmente, mas não tem condições de votos.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem): Com a
licença do Ver. Wilson Santos, que já ocupa a tribuna, quero colocar apenas uma
questão de esclarecimento. Nós temos tido a presença em Plenário, e eu chamo a
atenção das Lideranças e demais Bancadas, de Vereadores Titulares e
não-Titulares da Comissão Representativa. Eu
pergunto à Mesa se nós não poderíamos acertar, entre nós, a
possibilidade de que a transposição de tempo se dê, também, em benefício dos
Vereadores Suplentes da Comissão Representativa.
O SR.
PRESIDENTE: Hoje à tarde, às 15h, nós
teremos uma Reunião de Mesa e Lideranças, então esse assunto nós poderíamos
conversar e decidir nessa Reunião. Tudo isso para que a gente não discuta muito
e com respeito ao Vereador que já está na tribuna, a Mesa sugere que discutamos
na reunião de hoje à tarde.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem): Sr.
Presidente peço desculpas pela minha insistência mas, me parece, que esta
questão deveria ser deliberada pelo Plenário. Daí a minha insistência de que o
assunto seja colocado à decisão deste Plenário. Com a licença do Ver. Wilson
Santos, porque me parece uma questão relevante, à medida em que temos
Vereadores Não-Titulares da Representativa e que se fazem presentes nesta
Sessão e que gostariam de usar da palavra em lugar de outros Titulares que não
quisessem fazer uso da palavra. É neste
sentido que coloco à apreciação dos Srs. Vereadores.
O SR. ARTUR
ZANELLA (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, eu gostaria de saber em primeiro lugar se é regimental, uma vez que
não se vai discutir, mas já está-se discutindo e com todo respeito que me
merecem as pessoas que são Suplentes porque foram indicados por seus Liderados,
mas, regimentalmente, é impossível a pretensão do nobre Líder do PDT.
O SR.
PRESIDENTE: Ver. Vieira da Cunha e Ver.
Artur Zanella, a Mesa vai consultar a nossa Direção Legislativa e no decorrer
desta Reunião vamos voltar a conversar a respeito, e se não houver
possibilidade, nós discutiremos na reunião à tarde e traremos ao Plenário na
quarta-feira para uma decisão final.
O SR.
ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, apenas
para esclarecer ao Ver. Artur Zanella que a nossa solicitação não se dirige a
dar poder de voto e decisão ao Suplente e, sim, apenas, o direito à palavra.
O SR.
PRESIDENTE: Como este tipo de diálogo não
é permitido, eu vou pedir aos Srs. Vereadores que me ajudem, ajudem a Mesa, e
que os próprios Vereadores solicitem aos seus assessores ou aos jornalistas ou
a um conhecido que senta ao seu lado e que peça por favor que procurem ocupar
as cadeiras ao lado, se for funcionário ou conhecido da Casa.
Está com a palavra, o Ver. Wilson Santos.
O SR. WILSON
SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
inicialmente, quero dizer a todos que têm os mais diversos horários ligados à
televisão e dizer que o universo maravilhoso nós temos aí em termos dos
programas de televisão, de informação, formação de opinião pública pela
multiplicidade dos programas a que assistimos, quer seja a Rede Manchete, SBT,
TV Educativa, Bandeirantes, RBS, enfim, mas especialmente quero fazer um
registro, porque ontem, especificamente, completou mais um aniversário o
programa Camêra II, da TV 2, Guaíba, e como eu disse, assim como nas demais
emissoras, temos programas de alta qualidade, e esta multiplicidade é salutar,
o PL deseja registrar esse ato, nesta tribuna, de verdadeiras congratulações
com mais um aniversário do programa Camêra II.
Em segundo lugar, como Vereador representante do
Partido Liberal com assento nesta Casa, e com a duplicidade e responsabilidade
de Presidente do Partido Liberal no Rio Grande do Sul, sou obrigado a fazer um
comentário sobre os episódios ocorridos em São Gabriel, protagonizados, ou até
tendo como figura central, um companheiro do PL, o ex-Prefeito Balbo Teixeira.
E, é lamentável, porque num momento em que o PL, como
agremiação político-partidária, decidiu com absoluta prioridade, aqui em Porto
Alegre, e ontem nós abordamos este assunto, resolvemos, partidariamente, nos
movimentarmos para a anulação do fundo de previdência, por ser um entendimento
do PL que ele não está dentro do contorno legal, e não seria alguma coisa justa,
para melhor conceituar a posição do PL. Nós já havíamos decidido isso em
novembro, está protocolado na Casa, ou início de Dezembro, um pedido para que
sejam fornecidos por certidão os documentos do Fundo para que possamos argüir
na Justiça a inconstitucionalidade, pois no momento em que o PL age desta
forma, nós tivemos o dissabor de saber que na Câmara de Vereadores de São
Gabriel os Vereadores votaram uma Lei que permitia aos Vereadores não-eleitos
que tivessem um benefício extraído dos cofres públicos, para que eles continuassem
recebendo. E não obstante a isso, o ex-Prefeito Balbo Teixeira também sancionou
uma Lei que o autobeneficiava, porque assinou uma Lei em que ele teria uma
pensão vitalícia. Esse fato os jornais publicaram ontem sob o título:
“Vitalícios”, a matéria que, com efeito retroativo, essa Lei beneficiaria
inclusive os ex-Prefeitos de São Gabriel. É evidente que já estamos pedindo ao
Presidente do nosso Diretório Municipal em São Gabriel que nos mande maiores
detalhes, porque as notícias que temos são as fornecidas pela imprensa e é
evidente que são dignas de crédito, só que queremos avançar nos detalhes, para
que o Partido possa então tomar uma posição. Mas a priori, como
representante do Partido Liberal, como Vereador representando o Partido nesta
Casa, nós lamentamos, porque a conotação que está sendo dada é uma conotação
até certo ponto escandalosa e que não faz concordância com a linha de postura
do Partido Liberal.
O Sr. João
Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador Wilson Santos, a legislação aprovada
em São Gabriel de forma alguma é semelhante à legislação da Câmara Municipal de
Porto Alegre, onde os ex-Prefeitos não recebem nenhum auxílio, nenhuma
aposentadoria. Mas, para tranqüilizar V. Exª, lá em São Gabriel realmente era
tão gritante que a legislação já está revogada.
O SR.
WILSON SANTOS: Eu entraria no segundo
aspecto, porque a matéria do jornal hoje diz: “São Gabriel revoga previdência e
inclusive o Presidente da Câmara, Pedro Bento Fountoura Borges autorizou a leitura
dos nomes dos oito Vereadores que votaram a favor das duas leis sancionadas
pelo ex-Prefeito Balbo Teixeira. Entre eles havia um só representante do PL, os
outros votaram contra. Menos mal, mas, mesmo assim, o Partido Liberal analisará
dentro do seu Estatuto, da sua disciplina, as repercussões desse fato.
O Sr. João
Dib: V. Exª, permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Já que V. Exª falou no PL, eu perguntaria, o Prefeito
Balbo Teixeira não é do seu Partido?
O SR.
WILSON SANTOS: Sim, é do Partido. Eu vim à
tribuna, até repito, em consideração a V. Exª que saiu para atender um chamado, porque eu tenho dois aspectos: um é a
condição de Vereador com assento nesta Casa, representando o Partido Liberal; e
a outra é a responsabilidade e a honra de presidir o Partido no Rio Grande do
Sul. Eu não poderia deixar de antecipar a qualquer outra iniciativa e dizer que
o Partido está atento e que o Partido acompanhará para poder tomar as medidas
cabíveis no caso.
Como nós falamos do Fundo de Previdência, eu quero
colocar que, quando o Partido Liberal resolveu argüir a inconstitucionalidade
dos aspectos do Fundo de Previdência nesta Casa, ele não tenta com isso agravar
o conceito que goza o político na sociedade, em absoluto. É evidente que nós
temos muitos políticos, legislativos e executivos, administradores, que são
exceções, que têm dignidade, que têm honra. Agora, o que nós estamos propondo é
uma reavaliação de algumas coisas que a nós do Partido Liberal parecem que não
estão certas. E ficamos muito felizes em ver que o PSB, através do Ver. Omar
Ferri, teve a mesma iniciativa e que ela está chancelada e apoiada pela Bancada
do Partido dos Trabalhadores. Só que o Partido Liberal fica, eu não sei se o
termo seria magoado ou um pouco triste, porque ele não teve a devida distinção
neste elenco de associados, até porque o Partido Liberal foi o pioneiro em
termos desta iniciativa. E eu repito, essa decisão foi tomada na reunião da
Executiva do Partido com as zonais e filiados, em novembro. Já em dezembro nós
protocolamos o pedido ao ex-Presidente da Câmara, Brochado da Rocha, para que
nos fornecesse, por certidão, os documentos do Fundo e, no próprio documento,
nós dizíamos que eram documentos necessários para podermos discutir na Justiça
e argüir a inconstitucionalidade do Fundo. Independentemente disso, na própria
posse do Prefeito Olívio Dutra, o Partido Liberal, através da minha pessoa,
mencionou esse assunto e patenteou esta idéia. Então, no mínimo, nós deveríamos
estar no elenco desses Vereadores associados na iniciativa de rediscutir essa
matéria no mesmo nível, quando o Partido Liberal não tem aparecido. Então, fica
feito este registro.
O Sr. Isaac
Ainhorn: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Apenas solicitei a V. Exª este aparte, para reafirmar
e reconhecer, realmente, que V. Exª já, de há muito, tem-se manifestado sobre
este tema. Assisti, em várias oportunidades, a V. Exª dizer que, eleito,
lutaria pela extinção do Fundo de Previdência dos Vereadores. De outro lado,
evidentemente V. Exª já examinou os estatutos da entidade, certamente já viu
que V. Exª é um membro do Fundo, e até pode propor, nessa condição, uma
assembléia geral do Fundo, e pedir, na condição de membro do mesmo, a sua
extinção.
O SR.
WILSON SANTOS: Em documento entregue hoje
ao protocolo, já manifestei a minha saída do Fundo, não me considerando mais
pertencente ao mesmo. Fica, então, prejudicada a sua sugestão. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur
Zanella, em Comunicações.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
é com certo constrangimento que eu venho a esta tribuna, porque, enquanto nós
deveríamos estar discutindo os problemas de Porto Alegre, nós estamos
discutindo o Fundo, o problema do roubo de máquinas, divisão de salas, mas o
que é que vamos fazer? É a vida. Mas eu quero dizer, com relação ao Fundo, que
não institui o Fundo, sou sócio do Fundo e, quando houver uma assembléia geral,
não vou votar nem a favor nem contra. Para mim, o que for resolvido está bem.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o assunto das
máquinas volta novamente e eu quero me pronunciar, esperando que o Ver. Omar
Ferri me escute e o Sr. Presidente, pois ambos serão citados neste momento. Eu
leio, hoje, nos jornais, que o Ver. Omar Ferri garante que não buscou
dividendos eleitorais na denúncia que fez e que, segundo ele, “teria provocado
a ação enérgica e exemplar do Presidente da Câmara, no caso do sumiço de
máquinas e gravadores.” Está escrito no jornal isto. E continua a notícia:
"Primeira pista indica o paradeiro de algumas máquinas da Câmara de
Vereadores em conhecida escola de datilografia.” Como eu gosto de fazer as
coisas bem claramente, esse boato eu também já conhecia e o único Vereador que
eu sei que trabalha e é dono de um curso de datilografia é o Ver. Ignácio Neis,
do PMDB. E quero dizer que, na reunião que houve, da Mesa, como esse boato já
se espalhava, eu perguntei à Diretora-Geral da Casa, na oportunidade, se
efetivamente o Ver. Ignácio Neis aparecia no tal relatório. E àquela época, que
foi no final de dezembro, a informação era de que não, o Ver. Ignácio Neis não
constava no Processo. Então, eu insisto na proposição de uma Comissão Especial
sobre este assunto, porque já estão aparecendo nomes e, neste caso, ao menos no
final de dezembro, era uma injustiça. Mas o Jornal do Brasil de ontem também
traz notícia sobre o assunto e traz uma entrevista do Ver. Valdir Fraga,
Presidente desta Casa. Jornal do Brasil de ontem, página 3. Diz o seguinte:
"Segundo Fraga, os ex-Vereadores, Diretores de Setores, o ex-Diretor de
Patrimônio, Sadi Schwerdt, que é do PMDB, o ex-Presidente da Casa, Brochado da
Rocha, serão ouvidos na sindicância." E continua: "Negligência",
é o título. "O Presidente da Casa disse ainda que estas pessoas
terão que prestar conta das máquinas e gravadores desaparecidos, devolvê-los ou reembolsar o valor correspondente.” Bom, para evitar que
as pessoas não me entendam, o jornal está aqui: quem são essas pessoas? São os
ex-Vereadores, que não aparece o nome, Diretores de Setores, que não aparece o
nome, o ex-Diretor do Patrimônio, Sadi Schwerdt, e o ex-Presidente da Câmara,
Brochado da Rocha. Procurei, hoje, nos jornais, algum desmentido sobre isso,
porque acho que todos têm que ser ouvidos. Mas acho que o Presidente da Casa,
que não é do meu partido, que não foi eleito junto comigo, fui eleito depois,
acho que não deve ter o seu nome exposto, num primeiro momento, como
respondendo à Sindicância, como tendo que prestar conta de máquinas e
gravadores desaparecidos, devolvê-los ou reembolsar o valor correspondente.
Acho que há uma hierarquia na Casa, como em qualquer instituição e,
efetivamente, o Presidente responde pelos atos da Casa, mas antes disso, tem
que esperar que a Sindicância termine, seja concluída, e não se trazer nomes de
pessoas, ou nominadas claramente, ou por via indireta, como é o caso do
Vereador Ignácio Neis, nesta questão. Porque, daqui a pouco, o Ver. Brochado da
Rocha, que mandou fazer o levantamento, que procurou se informar, por intermédio
da Diretoria-Geral da Casa, daqui a pouco ele passa como ladrão de máquinas; e
o Ver. Ignácio Neis, que tem uma escola de datilografia há 200 anos, Escola
Cooper, aparece como suspeito, quando até o final de dezembro o nome do Ver.
Ignácio Neis não aparecia, aparecia o nome de outro Vereador. Mesmo que
apareçam, esses nomes só podem ser revelados após a conclusão de uma
Sindicância, ou de um Inquérito. Acho que é um desrespeito a esta Casa, e ao
Presidente que deixou esta Casa e a Presidência há poucos dias. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Isaac Ainhorn
que assuma a Presidência, para que, como Presidente da Casa, possa ocupar a
tribuna.
(O Sr. Isaac Ainhorn assume a Presidência às
10hl4min.)
O SR. VALDIR
FRAGA: Ver. Isaac Ainhorn, 1º
Vice-Presidente, que assume a Presidência dos trabalhos, Srs. Vereadores.
Ninguém gostaria, eu não gostaria, nenhum dos senhores gostaria de estar aqui
comentando a respeito de máquinas não- localizadas. Quando somos entrevistados,
e é do nosso feitio colocar as cartas na mesa, mostrar para os nossos eleitores
o que está acontecendo, para a nossa comunidade, para que realmente saibam o
que está acontencendo o que ocorre aqui na Casa. Respondendo rapidamente, não
vou usar os 10 minutos, agora com todo o respeito ao Ver. Artur Zanella, lº
Vice-Presidente da Mesa anterior, repito, Ver. Artur Zanella, 1°
Vice-Presidente da Mesa anterior, repito, Ver. Artur Zanella, 1º
Vice-Presidente da Mesa anterior, esse processo, eu repito, 2665, é da Mesa
anterior, datado de 26 de dezembro do mês anterior, no qual o Ver. Artur
Zanella era o Vice-Presidente e o Ver. Brochado da Rocha era o Presidente,
pessoa honrada, como todos ou outros que pertenciam à Mesa, como também todos
os Diretores. Mas quando surgem as perguntas da imprensa nós temos que
informar a tramitação do processo. Nós determinamos uma Sindicância,
determinamos e de imediato a Direção-Geral indicou os nomes de funcionários
também honrados desta Casa para pertencerem ao grupo dos Sindicantes. Eles tem
um prazo de dez dias úteis. Nós colocamos no jornal, dissemos que é trinta, mas
são 10 dias. Pedimos urgência. Aí o jornalista nos pergunta quem era o
Presidente da Casa na Legislatura passada, o Ver. Brochado da Rocha! Quem era o
Diretor do Patrimônio da Legislatura passada, o Ver. Sadi Schwerdt! Pertencia
ao PDT? O Presidente, sim. O Diretor-Geral ao PMDB! O Diretor Administrativo ao
PFL ao PDS, não lembro bem. Eu tenho que colocar claramente, não estou dizendo
que são esses Vereadores que deram sumiço a esse material, que eu não acredito,
eu acredito que venham a aparecer, podem estar numa outra área da Casa, nós
estamos buscando isso. Agora, o Diretor de Patrimônio desta Casa hoje, é do
PDT, Diretor Administrativo é do PDT. Eu não estou acusando ninguém e nem a
Casa está acusando. Agora, as perguntas surgiram e eu respondi. Se houver
qualquer problema no nosso mandato, mesmo que o problema surja também no
Patrimônio, quem são os responsáveis? É o Presidente da Casa. Ele é que vai
ter que dizer alguma coisa. Eu é que vou ter que responder mesmo, eis que faço
parte da Mesa com os companheiros de outros partidos. Eu entendo assim, não
estou acusando ninguém, e espero que se encontre esse material, acredito que
venha a se encontrar, eu tenho certeza, pode haver um desvio ou um outro
destino desse material, porque esse material, pelo que se lê no Processo, pelo
que se vê é até de 1982. Eu não gostaria de usar a Tribuna para falar sobre
isso, porque é uma coisa que está doendo em todos nós, porque o Legislativo
depende das colocações que são feitas, sempre fica a política desgastada, fez
isso, faz aquilo. Não gostaria de falar mais nisso. Mas não foi com essa
intenção, e não é Vereador, eu poderia dizer, se me perguntassem, quem era o Vice-Presidente
na Legislatura passada eu teria que dizer que era V. Exª, mas não é dando o
nome do Vice-Presidente, eu não quero dizer que ele seja o responsável, que ele
que tenha dado sumisso. Mas a Mesa tem que prestar contas.
O Sr. João
Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu quero dizer a V. Exª, que eu fico
satisfeito quando o Presidente da Casa assume as responsabilidades dos
acontecimentos da Casa. Mas eu quero também registrar a minha estranheza quando
V. Exª cita servidores administrativos da Casa como homens de Partido. Não
creio que o sejam, podem até serem indicados.
O SR.
VALDIR FRAGA: Indicados. Indicados pelo
partido e eu estou aqui na Tribuna, colocando a verdade. Hoje, o Diretor de Patrimônio da Casa,
é indicado pelo PDT. O indicado pelo PDT, não é servidor da Casa, na área de
Patrimônio. Os servidores da Casa são os diretores. O Diretor Administrativo, e
não o de Patrimônio, e o Diretor Legislativo, esses são os servidores da Casa.
O Sr. João
Dib: Se V. Exª me permite dialogar, o
Estatuto dos Funcionários Municipais enquadra servidor, tanto aquele que ocupa
Cargo em Comissão, funcionários de Regime CLT e os funcionários de Quadro. Este
é um Servidor Municipal. Aquele que hoje ocupa qualquer função, de Cargo em
Comissão, ele serve a toda Casa. Ele é um funcionário da Casa, e, portanto, não
é do Partido.
O SR.
VALDIR FRAGA: Eu repeti, eu coloquei. Foi
indicado pelo Partido.
O Sr. Artur
Zanella: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Valdir Fraga, eu falo com constrangimento sobre
este assunto, mas o que é que vou fazer? Mas aqui teve um Vereador, amigo
nosso, que dizia: "Olha, eu não acredito, mas dizem que o fulano fez isso,
isso e isso.” Eu não acredito, mas no momento em que eu leio, no Jornal do
Brasil, que V. Exª deu a informação, declarou que essas pessoas terão que
prestar contas das máquinas e gravadores desaparecidos, devolvê-los ou
reembolsar o valor correspondente, V. Exª está citando nomes de pessoas que não
foram nem ouvidas ainda na Sindicância. Eu vejo ali o Ver. Ignácio Neis, que eu
nem sabia que estava aí.
O SR. VALDIR FRAGA: Ver. Artur Zanella, V. Exª me conhece muito bem e eu
conheço V. Exª muito bem. V. Exª sabe...
O Sr. Artur
Zanella: V. Exª insiste em dizer que eu
era Vice-Presidente da Casa, só falta daqui a pouco eu desaparecer com máquina
daqui.
O SR.
VALDIR FRAGA: Mas é V. Exª que está
dizendo isso...
O Sr. Artur
Zanella: V. Exª insistiu três vezes que eu
era o Vice-Presidente da Casa. Era o Vice-Presidente na reunião da Mesa em que
foi tratado o assunto.
O Sr. Omar
Ferri: V. Exª está com a consciência
pesada.
O Sr. Artur
Zanella: Não, não estou com a consciência
pesada e com a consciência pesada está V. Exª, que está faturando em cima
disso.
O SR.
VALDIR FRAGA: Gostaria que o Sr.
Presidente me assegurasse a palavra.
O SR.
PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): A Mesa
assegura a palavra ao orador que se encontra na tribuna.
O SR. ARTUR
ZANELLA (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, gostaria que a taquigrafia registrasse que o Ver. Omar Ferri disse
que estou com a consciência pesada, pois eu vou processá-lo para começo de conversa, porque
aqui ele não vai fazer cartaz em cima de outros.
O SR.
VALDIR FRAGA: Ver. Artur Zanella, quando
coloquei o Ver. Brochado da Rocha, sabem que eu tenho a máximo de respeito por
ele, é meu amigo, mas se fosse V. Exª hoje o Presidente da Casa, nós vamos
buscar a responsabilidade e para mim não importa o local e pode ser o meu
melhor amigo, não é com isso que quero dizer que ele tenha feito isso, mas ele
era o Presidente e ele vai ter que nos ajudar a encontrar, ele vai ter que
chamar o seu Diretor de Patrimônio e ver a tramitação: a máquina foi para a
sala tal, foi para outra e depois quando chegou na sala do Ver. Valdir Fraga,
no último momento, ele vai ter que comprovar onde colocou a máquina, é isso que
quero colocar. A responsabilidade hoje da Casa vai afunilar e tem que chegar ao
Presidente da Casa, que é o Ver. Valdir Fraga. Se nós não encontrarmos nessa
caminhada que tenho certeza de que vamos encontrar e não vai haver a
necessidade de convidar o Ver. Brochado da Rocha para vir aqui. Tenho certeza
de que não será necessário, agora se nós não encontrarmos, nós vamos convidar o
Ver. Brochado da Rocha para conversarmos com ele para que nos ajude a encontrar
esses materiais.
Era isso, obrigado e desculpem alguma coisa que possa
ter ofendido o Ver. Artur Zanella e os demais companheiros Vereadores, e
confirmo a entrevista que eu dei.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Vieira
da Cunha. Desiste. Com a palavra, o Ver. Vicente Dutra.
O SR.
VICENTE DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Trago à consideração desta Casa um problema que é de todos, é um
problema que aflige a toda a população de Porto Alegre, sem exceção. Nós
podemos tratar, aqui, de problemas que serão abordados em sua profundidade,
problemas como o do transporte coletivo, problema aflitivo, e que deve
preocupar a todos. Mas o transporte coletivo abrange uma parcela da população,
o problema de falta de água, de abastecimento, atinge uma parcela da população
- não interessa a todos, mas este problema interessa a todos, independentemente
da faixa etária, da atividade que o cidadão desenvolve, da fonte de renda, eu
falo da segurança da Cidade. Porto Alegre é uma cidade sitiada, e as pesquisas
encomendadas pelos partidos durante a campanha eleitoral, e as pesquisas que
foram desenvolvidas pelos órgãos de imprensa do Estado do Rio Grande do Sul e,
de resto, do Brasil, para que a populção se manifestasse sobre os principais
problemas, aqueles problemas que mais angustiam o seu dia-a-dia, de tal forma
que isso servisse de orientação à campanha eleitoral, às plataformas dos
partidos dos candidatos, e ficou
claro, patente, destacado bem à frente, que o maior problema, o problema mais
angustiante, que aflige a toda a população, é o problema da segurança ou da
insegurança - como queiram. E eu me pergunto, preocupado com o assunto -
modestamente, tenho procurado estudar e me manifestar a respeito dele -, adianta
o policiamento ostensivo, adianta a repressão? Eu trago aqui um caso recente, e
que a imprensa, ainda hoje, divulga mais uma etapa do desdobramento desse
caso, que foi um assassinato brutal daquele jovem trabalhador,
micro-empresário, Ivanir Antônio Grassi, lá na Rua Ivo Corseuil. Morreu sem
saber o porquê. Veja bem, este jovem cidadão morreu a vinte passos de uma
guarita onde estava postado um guarda – ou deveria estar postado um guarda –
num condomínio de segurança do qual ele fazia parte, na Rua Ivo Corseuil.
Morreu a 50 ou 60 passos da 8ª Delegacia de Polícia, muito bem administrada
pelo Delegado Ben-Hur Marchiori. Ali é uma rua de muito trânsito, têm vários
estabelecimentos comerciais, têm autoridades, é uma rua em que transitam
seguidamente, viaturas policiais. Nada disso adiantou. A vida de Ivanir Antônio
Grassi foi roubada da forma mais brutal, e como dizia um cidadão da frente, com
lágrimas nos olhos - esse rapaz morreu e nem soube o porquê. A população clama,
perplexa, por soluções. Está acontecendo, e eu convido os Srs. Vereadores para
que cheguem ao local para verificar a manifestação da sensibilidade popular,
através de mensagens que são afixadas em frente, à porta do estabelecimento a
que pertencia Ivanir. Está fechado o estabelecimento e na porta frases e mais
frases são colocadas. Essa rua, a Rua Ivo Corseuil, rua onde morei, onde mora o
meu pai, meu irmão, um ex-sobrinho, é uma rua que já sofreu assalto de toda a
ordem. Há uma residência ali que é uma verdadeira fortaleza, e já foi feita com
esse intuito, de ser uma fortaleza contra assaltos. É de propriedade de um
grande empresário de Porto Alegre. Pois essa fortaleza foi assaltada há um ano
atrás por 4 marginais que bateram na família, chutaram, mal-trataram um menor,
um jovem excepcional, que, evidente, frente àquele quadro de terror, potencializou
a sua insanidade, gritava e fazia grunhidos, e os ladrões cada vez davam mais
no pobre menor que até hoje está transtornado e transtornou a família. Nada
adiantou aquela fortaleza toda. Vocês olham e é uma parede de concreto. Pois os
ladrões ingressaram na casa e assaltaram essa famlília. Estou apenas citando
dois casos aqui. Na terça-feira recebi, no meu gabinete, um cidadão de Porto
Alegre que trabalha nas Farmácias Drobel. Esse rapaz teve a ousadia, com seus
companheiros, de frustrar um assalto naquela farmácia e mais: chamou a polícia
e foram ao encalço dos bandidos e conseguiram pegá-los. Três dias depois, de
acordo com a legislação atual, esses bandidos estão soltos e estão ameaçando
esse cidadão, ameaçando com telefonemas e dizendo que ele não perde por
esperar. A Drobel já trocou o rapaz de loja, porém eles já descobriram, vejam
só a organização que tem esta gente, ele já tirou o bigode, trocou o tipo de
roupa, procura mancar de uma perna, está tentando fugir de todo o jeito. É um
sujeito acuado. Eu já liguei para o Delegado Müller, que foi muito pronto e
dize-me que irá dar toda a proteção que estiver ao seu alcance e eu volto ao
assunto inicial: a repressão, a proteção ostensiva, é o tal caso do Ivanir, a
20 passos da guarita e a 50 metros da delegacia. Ele estava na ponto de um
vértice de segurança e nada adiantou essa segurança. Então, o problema é mais
profundo e para que possamos estudar, e essa é a obrigação desta Casa, porque é
o problema mais sério que Porto Alegre vive neste momento. Proponho a
instituição de uma Comissão Especial para examinar, de acordo com o Regimento
Interno da Casa, e aprofundar estudos relativos a esta matéria para que
possamos trazer a esta Casa, através da Comissão, pessoas, técnicos, a
população, vítimas para que tragam o seu depoimento e nós, através desses
depoimentos, possamos formar um conceito e apontar rumos para que Porto Alegre
passe a ser uma cidade realmente alegre, onde podíamos transitar nas ruas, onde
as pessoas idosas podiam sair a qualquer momento na rua sem serem abordadas,
atropeladas, por assaltantes.
O Sr.
Wilson Santos: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, quero dar-lhe os parabéns por
abordar um tema tão importante. Quero registrar que nós ingressamos já em Porto
Alegre numa verdadeira calamidade pública em termos de segurança pública. Só
quem como eu que tem uma vinculação com a Segurança Pública, e sou um homem
público de muita atuação no Bairro Sarandi, eu sou chamado muito para esses
assuntos. Quando a Joalheria do Rosalino foi assaltada, no assalto, foi morto o
filho. Outro assalto, na mesma joalheria, matam a filha. Só de parentes e
amigos nós tivemos, nesse período de 10 dias, 4 carros roubados. Alguma coisa
tem que ser feita com urgência. Comprovada já está a insenssibilidade do
Governador Pedro Simon, em segurança pública. Tanto que ele teimosamente não
tratou como deveria tratar, a segurança pública tanto que deixou o Secretário
Valdir Valter, acumulando a Secretaria da Justiça e a Sugurança Pública, num
verdadeiro desrespeito à população do Rio Grande do Sul.
O Rio Grande do Sul, mais especificamente Porto
Alegre, não chegou ainda ao grau de insegurança como chegou o Rio de Janeiro.
Na minha opinião o Rio é irreversível, quando eu estive lá fiquei sabendo desse
dado, porque já estava nas mãos de bicheiros, marginais, traficantes. Agora, se
nós não fizermos alguma coisa, aqui, isso também vai acontecer. Nós não temos
uma política municipal de Segurança Pública. Nós temos um Departamento de
Polícia Metropolitana, na Polícia Civil, que trata só de Porto Alegre. A
Brigada Militar tem o comando de policiamento da Capital, mas o Município não
tem uma Secretaria Municipal para agrupar essas forças e agrupar todas as
forças vivas da comunidade.
O SR.
VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, eu consulto
se os Vereadores da minha Bancada usarão o seu tempo, ou se poderiam ceder o
tempo a este Vereador.
O SR.
PRESIDENTE: Eu informo a V. Exª, que,
segundo a decisão deste Plenário, em relação a questão de uso de tempo durante
o período da Comissão Representativa, ficou definido que poderá haver
transposição de tempo, na presença dos Vereadores, no momento e na oportunidade
em que se encontra a vez do cedente do tempo. Portanto, não há cedência de
tempo, apenas transposição. Apelo a V. Exª no sentido de que, mantendo a
regimentalidade dos trabalhos da Casa, conclua o seu pronunciamento. Sou grato
a V. Exª.
O SR.
VICENTE DUTRA: Delegado Cyro Martini,
lamentavelmente sou atropelado pelo Regimento da Casa, gostaria imensamente de
debater com V. Exª.
O SR.
WILSON SANTOS: A Questão de Ordem seria
apenas para abrir espaço para fazer uma sugestão: eu sugereria, dada a
importância do assunto, que a Bancada do PDS, que têm ao seu alcance o período
de Liderança, se o seu Líder não ocuparia com algum assunto.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa adverte o nobre Ver.
Wilson Santos que não se trata de uma Questão de Ordem.
O SR.
VICENTE DUTRA: Então, Sr. Presidente,
concluindo, peço a aprovação deste Requerimento que solicita a criação de uma
Comissão Especial, e peço a colaboração muito especial e técnica especializada
dos Vereadores Leão de Medeiros, Chefe de Polícia; Cyro Martini, Delegado Cyro
Martini, grande experiência no assunto; o ex-capitão da Brigada Militar, Wilson
Santos e do Jornalista Edi Morelli e, todos os Vereadores que possam colaborar
para que possamos encontrar caminhos para esse grave problema que assola toda
a população de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ARTUR
ZANELLA (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, gostaria de saber em que pé está o Requerimento feito, ontem, para
a constituição de uma Comissão Especial para acompanhar esse assunto das
máquinas, e ao mesmo tempo solicito de V. Exª que o processo que trata deste
assunto seja trazido ao Plenário, para que todos os Vereadores possam ver quem
está de alguma forma ou outra citado para dar informações sobre essas máquinas.
Gostaria que ficasse o processo em cima da mesa para que todos tivessem acesso
ao mesmo.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa informa a V. Exª o
seguinte: o Requerimento que trata da constituição de Comissão Especial teve a
seguinte tramitação: primeiramente foi encaminhado à Auditoria para
manifestar-se. Nós temos em nosso poder o Parecer da Auditoria que será
oportunamente lido e evidentemente avaliado pela Mesa e com a palavra final do
Plenário desta Casa para deliberar.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Se possível, ainda hoje de manhã,
Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE: Perfeitamente. A Mesa
consultará o Presidente da Casa e colocará esse Requerimento de constituição
da Comissão Especial em apreciação, porquanto o Parecer da Auditoria se
encontra já neste momento apenso aos autos do Requerimento. Com relação ao
Processo 2665 a Mesa diligenciará neste sentido.
O SR. OMAR
FERRI (Questão de Ordem): Sr. Presidente,
para apresentar uma proposição. Eu considero esse problema de alta gravidade e
responsabilidade. Eu até concordaria com o pedido formulado pelo Ver. Zanella.
Mas acho o seguinte: acho que dada a importância do caso, proponho a V. Exª que
seja ouvido o Plenário e peço que o Plenário aprove um pedido que formulo,
através da presente proposição, que de ambos os expedientes sejam extraídos
xerox e distribuído a cada Vereador, a fim de não tumultuar a Mesa.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa entendeu a proposição
do Ver. Omar Ferri e diz o seguinte: dada a relevância da matéria e todas as
conseqüências foram dados os seguintes despachos: primeiro, a determinação de
que se fizesse uma Sindicância nos termos da Lei; segundo, a existência de uma
Comissão de Sindicância já constituída por Portaria do Sr. Presidente desta
Casa, a Mesa, antes de colocar os Autos desses expedientes à disposição deste
Plenário e antes de copiar, vai-se reunir, hoje à tarde, com as Lideranças.
O SR. ARTUR
ZANELLA (Questão de Ordem): A Mesa pode fazer
e discutir o que quiser, o que eu estou pedindo é que o Requerimento do Ver.
João Dib, que não tem nada a ver com a Mesa, seja votado hoje de manhã e seja
constituída uma Comissão. Agora, o que que a Mesa vai fazer é outro problema.
Em segundo lugar, eu solicitei que o Processo seja ampliado, tirando cópias.
Agora, a Comissão, com todo o respeito, não tem nada a ver com a reunião da
Mesa hoje à tarde. A Comissão é uma questão de Plenário, que tem que ser votada
aqui. A Mesa tem que pegar o Requerimento e colocar em votação. É só isso.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa informa a V. Exª que,
com relação à constituição da Comissão Especial, não disse que o assunto ia ser
tratado na reunião da Mesa com as Lideranças, porque a competência legal para
apreciação desse Requerimento é deste Plenário. Só informou, tão-somente, que
esse assunto, no momento oportuno, quando estiver devidamente instruído o
presente pedido de Comissão Especial, a exemplo de todos os outros
Requerimentos que tramitam nesta Casa, ele será apreciado por este Plenário.
Com relação a questão do Processo que, hoje, está sob
uma Comissão de Sindicância, na forma da Lei, Processo, esse, que se encontra
tramitando dentro desta Casa, evidentemente, qualquer Vereador tem acesso aos
Autos desse expediente junto aos setores competentes da Casa. Até porque o
presente Processo não se encontra tramitando em segredo, apenas obedecendo à
tramitação regular. Conseqüentemente, se esse Processo não se encontra na Mesa,
é porque, nesse exato momento, deve estar em algum setor da Casa, em
tramitação.
O SR. JOÃO
DIB (Questão de Ordem): Eu pergunto se a
Mesa tem consciência e ciência de que labora em erro, quando institui uma
Comissão de Sindicância, e o Estatuto do Servidor Público Municipal diz que a
Sindicância será feita por um só servidor. Determina prazos, e se isso tudo
está sendo cumprido é o que eu pergunto a V .Exª.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa recebe sua Questão de Ordem, e apreciará e
responderá a V. Exª oportunamente. Recebe as suas formulações como subsídios ao bom
encaminhamento da presente Sindicância.
Com a palavra, o Ver. Omar Ferri. Desiste. Com a
palavra, o Ver. Luiz Machado.
O SR. LUIZ
MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
hoje trago uma proposta no sentido de nós fazermos uma política verdadeiramente
construtiva e não demagógica. Então, farei alguma cobrança, hoje, nesta
tribuna, ao Partido que chegou no poder, a Frente Popular.
Ontem, fomos convidados para participarmos de um
debate na Associação dos Moradores do Bairro Belém Velho. E lá comparecemos,
onde havia mais de 400 pessoas, e também estavam os representantes do Governo
Municipal. E foi debatido um dos graves e grandes problemas daquela localidade,
que é o problema do saneamento básico, que está abandonado no bairro Belém
Velho. Foi debatido também o problema dos transportes. O debate se estendeu das
20h até aproximadamente às 23h30min. Várias lideranças comunitárias
participaram do evento e o que se viu foi que o Governo Municipal participou
dos debates, mas não trouxe nenhuma esperança sobre as soluções que essa
população espera, principalmente com relação ao asfalto para a Rua Costa Gama,
que liga a Vila Restinga ao Bairro Belém Velho, via esta de acesso ao Hospital
Parque Belém que dá atendimento também à população da Restinga. E, para nós,
moradores da Restinga, interessados diretos nesse assunto, ficou de estudar o
futuro asfaltamento da Rua Gosta Gama, haja vista que a explicacão do Governo
Municipal é que não tem verba e, portanto, não poderia dar uma resposta
imediata para aquela população.
O Sr. Artur
Zanella: V. Exª. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu fui o Autor da Emenda que, quando das verbas da Petrobrás, em
janeiro, destinava recursos para a Costa Gama. O Sr. Prefeito, à época o
Prefeito Collares, vetou, juntamente com outras verbas conseguidas por outros
Vereadores. Esta Câmara derrubou o veto e a obra começou, antes de novembro,
sem assinatura com a empresa, foi solicitado à empresa que colocasse algumas
máquinas lá, não sei por que antes das eleições, até outros Vereadores
distribuíram folhetos dizendo que tinham sido autores da Emenda, mas tudo bem,
não tem problema, e no mês de dezembro a empresa, pelo que sei, entrou em
contato com integrantes do futuro Governo, pedindo que fosse garantido o
pagamento, ou então, ao menos, que pagassem o mês de dezembro com a
suplementação em função dos reajustes. Como isso não foi garantido, no dia 10
de dezembro a empresa retirou as máquinas. Ora, a verba que estava bloqueada
para essas obras, ao final do ano, dia 28, ou 29, foram desbloqueadas, a pedido
do Sr. Prefeito Municipal, para o pagamento dos funcionários. A Emenda que
resultou nesse desbloqueio de verbas, teve um prazo, que foi um compromisso do
Ver. Antonio Hohlfeldt de que as obras seriam reiniciadas num prazo de um ano.
Se, por um acaso, os representantes do atual Governo não deram essa explicação,
estou fazendo agora, porque, efetivamente, foi votado nesta Casa. O Prefeito
anterior esperou até início de novembro, antes das eleições, colocou as
máquinas sem assinar o contrato, retirou as máquinas depois, e, mais tarde,
retirou o dinheiro, e agora há um compromisso da Administração. Não sei se o
Ver. Antonio Hohlfeld tinha condições, naquele momento, de firmar um
compromisso, de que dentro de um ano serão reiniciadas aquelas obras da Costa
Gama, e mais outras aprovadas por esta Casa. Pelo jeito, perdemos a Costa Gama.
O Sr.
Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador Luiz Machado, gostaria de cumprimentá-lo por
trazer a esta Casa esta importante reivindicação. Eu havia sido convidado para
participar dessa reunião, mas, em função de dois outros compromissos, não pude
comparecer, mas me solidarizo com V. Exª nessa luta, a qual venho acompanhando
há muitos anos, essa reivindicação sentida dos moradores da Costa Gama, onde
estão assentadas duas importantes entidades, o Amparo Santa Cruz, que presta
relevantes serviços à comunidade carente, atendendo menores, e o Centro
Medianeira, casa de retiro, e que acolhe toda a comunidade. E os moradores,
gente humilde, que trabalha, e que merece ver atendida essa reivindicação. E a
frustração que tem, Vereador. V. Exª deve ter colhido isso aí com relação ao
último Governo, que marcou data, disse que ia ser asfaltada dias antes das
eleições e, lamentavelmente, não sei por que razão, não foi cumprida essa
promessa tão badalada e tão alardeada aos moradores naquele momento.
O SR. LUIZ
MACHADO: Nobre Vereador, concedo o aparte
ao Vereador João Dib.
O Sr. João
Dib: Nobre Vereador, eu me congratulo com
a defesa que faz V. Exª da Estrada Costa Gama, já que dos 220 quilômetros de
estrada que precisam ser pavimentadas, os seis quilômetros mais importantes são
os da Estrada Costa Gama. E quero também dizer que num determinado momento, há
cerca de dois anos, eu fui àquela área, olhei e disse: bem, iniciaram a Costa
Gama como havia sido anunciado. E eu entrei, mas era Estrada Afonso Lourenço
Mariante e não a Costa Gama, que deveria ser pavimentada e não foi. Mas, não
tenho procuração do PT para defendê-lo neste momento e nem é minha intenção.
Mas eu acho que nós não podemos pressioná-lo neste momento, nos primeiros dias
de sua Administração, sob pena e risco de que eles venham a cometer erros que,
depois, venhamos a lastimar. Era bom que eles pudessem se assenhorear dos
problemas para que, num crédito de confiança nossa, eles possam realizar.
O SR. LUIZ
MACHADO: Sabe o que acontece, Srs.
Vereadores, é que foi assinado um contrato na gestão anterior, por isso a minha
cobrança. O Governo da Frente Popular não tem a culpa total nesse assunto. Até
mesmo se deixar os cofres vazios, não é obrigação do Governo da Frente Popular
dizer que vai resolver a obra em curto espaço de tempo. Lá estava também
presente o Ver. João Motta, a quem concedo a palavra.
O Sr. João
Motta: Eu gostaria de contribuir com o
nobre Vereador para que a gente tem essa preocupação levantada pelo Ver. João
Dib no sentido de que não se tire um juízo precipitado. Eu tive um entendimento
diferente da reunião. Inclusive, no final, saí, eram mais de 11h, mas houve
sensibilidade de parte do Governo, demonstrada, efetivamente, pela presença do
Vice-Prefeito e do Secretário da SMOV e, também, por parte da população lá
reunida, que percebeu toda a dificuldade que hoje é sentida e que está muito
bem sintetizada na expressão utilizada pelo Secretário dos Transportes, ou
seja: “Há verbas, mas não há dinheiro.” Só para dar a síntese do principal
problema que a gente está enfrentando para realizar.
O SR. LUIZ
MACHADO: Eu queria também agradecer a
intervenção dada pelo o Ver. João Antonio Dib, Ver. Zanella, Ver. Luiz Vicente
Dutra e Ver. João Motta.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Próximo orador, Ver. João
Motta. V. Exª dispõe de 10 minutos, na forma Regimental.
O SR. JOÃO
MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
eu não poderia, inicialmente, deixar de manifestar, em nome da Bancada do PT, o
meu reconhecimento pela sensibilidade do Plenário, que aprovou a Moção
apresentada ontem, de Repúdio pela morte de Chico Mendes. Acho que nós também,
como membros da Câmara Municipal de Vereadores, damos um exemplo do papel
político que a Câmara Municipal de Porto Alegre pode cumprir diante de
situações tão graves quanto essa. Aliás, um exemplo que, no meu entendimento
tem também como uma outra referência a proposição apresentada ontem na
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul pela Deputada Ecléa
Fernandes, instituindo o prêmio Chico Mendes a todo o Ecologista ou indivíduo
que, no Rio Grande do Sul, se destacar durante o ano em defesa do meio
ambiente. Em segundo lugar, eu gostaria de registrar um ponto de vista que nós,
internamente, dentro do PT, ao longo desses oito anos, estamos adotando para
pautarmos a nossa postura nos debates que já estamos fazendo desde ontem, aqui
na Câmara Municipal, e que tem como referências três pontos de partida. A
primeira delas é que, para nós, o debate significa em última instância, uma
disputa de idéias, ou seja, o fundamento do debate para nós é exatamento isso.
O fato de nós reconhecermos que os Vereadores que compõe a Câmara Municipal possuem diversas idéias,
diversos pontos de vista, e que aqui vão se confrontar, cotidianamente, ao
longo destes quatro anos. Em segundo lugar, o método do nosso debate ou da
forma como vamos encetar o debate, o nosso entendimento também está embasado no
livre argumento e na persuasão pessoal. Portanto, é um método que garante a
democracia no debate e que garante, também, a igualdade dos argumentos e do
princípio da persuasão. Em terceiro lugar, para concluir, o nosso ponto de
vista é que, durante o debate, muitas vezes nós vamos até perder, por não
termos persuadido todos os companheiros, os ilustres Vereadores, da nossa
possibilidade ou da nossa proposta, e teremos que reconhecer, cada vez que isso
ocorrer, que a melhor possibilidade que se apresentava naquele momento,
exatamente por estar melhor fundamentada, por ela ter persuadido o conjunto dos
Srs. Vereadores, é de fato a possibilidade que significa o entendimento e o
comprometimento da decisão da Câmara, enquanto instituição, em relação à Cidade
e à população. Portanto, isso demarca, no meu entendimento, a diferença entre o
debate feito em cima da disputa mesquinha, em cima da armadilha e da
superficialidade, e em cima, também, do interesse pessoal e da artificialidade.
Em quarto lugar, gostaria de registrar, também, que a proposta apresentada
pelo ilustre Vereador do PDS, Vicente Dutra, sobre a criação da Comissão
Especial, a vemos como sendo uma iniciativa importante e que traz, aqui para
dentro, parte da realidade lá de fora, e essa realidade nós sabemos e a
conhecemos bem, é uma realidade de violência em todos os níveis da sociedade.
Portanto, este fato que aconteceu, registrado aqui durante a falação do ilustre
Vereador, nos parece que faz parte de todo um conjunto de fatos e de atos que tornam, cada vez mais, a
nossa convivência e a nossa existência, enquanto indivíduos, dentro desta
sociedade, mais difícil, mais dura e mais cruel. Mas não poderia ser diferente, Srs. Vereadores, porque no nosso
entendimento, a violência, neste País, já está estruturalmente encrustada no
próprio modelo social, econômico e político da sociedade brasileira, e também
mais do que isso, ela já está umbilicalmente introjetada na própria estrutura
da ideologia dominante da sociedade, onde temos, como exemplo bem recente, a
aprovação, na última Assembléia Constituinte, de um capítulo todo que legitima
a tutela das Forças Armadas às instituições e ao Estado do Brasil. Em terceiro
lugar, uma sociedade que, sob o ponto de vista econômico e do ponto de vista
ideológico, tem na violência institucional ou na violência tipo essa que
aconteceu e já foi registrada aqui pelo ilustre Vereador, uma das formas da sua
existência, não poderia construir um tipo de consciência que não fosse a
consciência com que nós hoje convivemos diariamente, que é uma consciência
distante, de fato, da democracia, que é uma consciência, de fato, distante do
entendimento de que é possível convivermos, embora pensando de uma forma
diferente. A violência, em último caso, não resolve o problema da desigualdade
social e econômica. Portanto, nós nos preocupamos também com essa questão da
violência e trazemos, nestas palavras iniciais e rápidas, uma contribuição para
este debate já encetado pelo Ver. Vicente Dutra.
O Sr.
Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exª traz à tribuna o desdobramento desse problema
da segurança, analisando-o sob o aspecto social. Aliás, esta é a preocupação
deste Vereador. Então, me solidarizo com V. Exª para que nós possamos, dentro
dessa Comissão, aprofundar essa questão que atinge a todos, visto por esse
ângulo também da questão social. E aqui trago para contribuir com o que V. Exª
está dizendo, um dado impressionante, inquietante, trazido por uma reportagem
da revista Veja, em 23 de novembro, que a causa principal de mortes no meio
operário é o homicídio. Não é o enfarte, não é o derrame, não é o acidente, que
são as causas cometidas em outras classes. A do operário, disparado, é o
homicídio. Então, V. Exª, que representa o Partido dos Trabalhadores, mais uma
vez, deve ter o interesse desdobrado para que nessa Comissão se analise
profundamente esta questão, vendo, inclusive, esse problema do trabalhador e
os inúmeros assaltos que ocorrem nas vilas e que nem são levados à polícia com
medo dos bandidos que lá transitam e ameaçam a integridade física daqueles que
eles assaltaram, de suas vítimas.
O Sr. Cyro
Martini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu queria aproveitar a oportunidade, não para entrar no
mérito ideológico e econômico que determina a criminalidade comum, mas, sim,
para, em primeiro lugar, dizer que apóio a constituição de uma comissão para
tratar desse assunto, embora enfatize, novamente, entender não dever ser, em
termos ideais, a segurança a prioridade. Entretanto, em razão do momento em
que vivemos, da situação em que nos encontramos, acaba-se priorizando a
segurança. Então, a constituição de uma comissão tem o meu apoio,
indubitavelmente, o meu apoio pessoal.
De outra parte, só gostaria, aproveitando o ensejo, embora V. Exª não tenha assim tratado o assunto, de discordar da colocação do Ver. Vicente Dutra, quando ele diz que o policiamento ostensivo não adianta, não resolve. Não é isso que vemos quando o policiamento está dotado do número suficiente de homens e do equipamento indispensável para o bom desenvolvimento de suas atividades. Porém nós, certamerte, vamos ter oportunidade de examinar isso com cuidado, assim como entendo, pessoalmente, não residir o maior êxito do trabalho policial no campo do policiamento ostensivo e nem do policiamento preventivo discreto, mas, sim, na atividade de investigação bem levada a efeito.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa antes de passar a
palavra ao próximo orador inscrito, que é o próprio Ver. João Dib, passa a
responder Questão de Ordem formulada pelo mesmo. (Lê resposta da Mesa à Questão
de Ordem formulada pelo Ver. João Dib.)
“O art. 222, § lº da Lei Complementar nº 133, diz que
a Sindicância será cometida a funcionário de hierarquia igual ou superior a do
implicado, se houver.
Tomando por base o princípio do § 1º do art. 222, que
não exaure em um único funcionário, apenas diz que será cometida a funcionário;
não elidindo a hipótese de mais funcionários; tomando por base a orientação
doutrinária sobre a matéria, sobretudo a posicão de Ely Lopes Meirelles, que
diz, em sua obra doutrinária de Direito Administrativo, que ‘sindicância é um
meio sumário de elucidadação de irregularidades no serviço para subseqüente
instalação de processo e punição do infrator, não tem procedimento formal, nem
exigência de comissão sindicante, podendo realizar-se por um ou mais
funcionários.’
Entendeu que integrasse o referido trabalho de
Sindicância, sob a coordenação da funcionária da Auditora da Casa Sueli
Silveira de Moura, mais dois funcionários desta Casa. Portanto, com base na Lei
Complementar e com base na posição doutrinária existente sobre a matéria, é que
S. Exª o Presidente desta Casa determinou a instalação de Sindicância, com a
participação de mais de um membro neste trabalho.”
Essa é a informação, Ver. João Dib, à Questão
formulada por V. Exª. Com a palavra o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vim
a esta tribuna com otimismo que me caracteriza. Não sou jurista por certo, sou
engenheiro mas sou um homem de bom-senso. Ely Lopes Meirelles foi chamado muito
tempo nesta Casa o Vereador nº 22, hoje, seria o Vereador nº 34. Mas, o Ver.
Ely Lopes Meirelles ou o jurista não está no seu parecer dizendo que deva ou se
possa fazer uma comissão, ele está dispensando a comissão e nós temos uma Lei
Complementar que define claramente e fala sempre no sindicante, no funcionário
e nunca na comissão. Em todo o caso é um assunto que poderá ser debatido
inclusive hoje à tarde com a tranqüilidade que devem ser debatidos todos os
problemas desta Casa. Eu até pouco tempo pedia que não houvesse pressão e nem
pressa para que a Sdministração que se instala pudesse organizar com
tranqüilidade os seus trabalhos para realizar um bem-comum na Cidade.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu disse que
era um homem otimista, um homem alegre com este País, porque de repente
acontecem coisas boas, só que as coisas boas que acontecem, às vezes, tem o
tamanho dessa nota e não está em todos os jornais do País. Isso caberia
manchete. Aqui está dizendo algo que os ecologistas, os defensores do meio
ambiente aos quais eu me integro, porque há muito tempo venho lutando por uma
coisa que se chama ar puro, que se chama mais verdes na Cidade, a minha
Administração fez 99 praças, uma a cada 11 dias, me preocupou a inalação de CO,
óxido de carbono, e não dióxido de carbono. Eu fiz como Secretário dos
Transportes que se fizesse um estudo sobre os ônibus, a fumaça dos ônibus que
são um número de 1400 na Cidade, que prejuízos causavam e que prejuízos
causavam os automóveis - e automóveis não temos 1400, nós temos 400 ou 500 mil
automóveis em Porto Alegre, é verdade que hoje muitos veículos são movidos a
álcool, mas a gasolina prejudicava 17 vezes mais do que óleo diesel, na
produção de dióxido de carbono. Então, essa nota muito pequeneninha e que
deveria ser manchete nos jornais diz assim: "Gasolina sem chumbo reduzirá
a poluição do ar: entrou em vigor ontem a determinação da Petrobrás de
eliminar o chumbo tetraetila da gasolina consumida no País. A medida representa
o primeiro passo para melhorar a qualidade do ar dos centros urbanos. No
entanto, os resultados só serão sentidos quando a frota nacional de carros a
gasolina (cerca de 8,5 milhões) estiver dotada de filtros catalisadores, que
eliminam resíduos de combustível não-queimado.” (Folha de São Paulo, 03/01/89).
Mas, pelo menos passamos a ter menos chumbo no ar, que é um material pesado e
que inalamos, envenenando a nossa saúde, dos nossos familiares amigos e filhos.
Congratulações com os ecologistas, com as preocupações que têm mantido,
permanentemente, e a triteza de que esta nota não tenha tido o destaque que ela
merece, para que os ecologistas, inclusive, possam continuar lutando para que
esses filtros sejam instalados o mais rápido possível.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meus senhores e
minhas senhoras, alguns dias atrás nós tivemos mais uma vez um infausto
acontecimento, que foi um incêndio de grandes proporções, mas que felizmente
não causou danos pessoais. Em 1979, 1980 como Secretário da SMOV, juntamente
com a iniciativa privada e os bombeiros, nós fizemos uma campanha cujo título
era “esquecer a rede elétrica é fogo". E, juntamente com outdoores
espalhados em toda a Cidade, sem se buscar nenhuma promoção pessoal, mas apenas
se buscava a solução, diminuição de problemas que todos os anos, nesta época,
ocorrem em razão de ares condicionados, ventiladores, excesso de aparelhos
elétricos ligados, instalações precárias não examinadas, convenientemente,
fizemos circular um volante para lojas, clubes, residências e áreas densamente
povoadas, para que a população pudesse, de forma fácil, fazer a verificação dos
seus equipamentos, das suas instalações, e de eventuais problemas. E é muito
fácil as normas editadas pela Secretaria Municipal de Obras, que podem ser
utilizadas por qualquer cidadão comum. Nesse sentido eu estou fazendo um Pedido
de Providências, para que sejam reeditados os volantes que informavam à
população, normas expedidas para prevenção de incêndio. Tenho certeza de que o
comércio e indústria porto-alegrense farão a impressão para esse documento, que
a SMOV poderá fazer chegar às mãos de todos os consumidores de energia
elétrica.
Tem sido, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, amplamente
debatida, a Otenização do Imposto predial Territorial Urbano, para o ano de
1989. Evidentemente, eu disse que não se deve pressionar, não se deve
precipitar pareceres e opiniões sem que se estude o problema, sem que se leia.
E a Lei Complementar nº 124 de 29 de dezembro de 1988, que fixou o índice de
reajustamento do IPTU, e atualiza limite de valor venal para concessão de
isenção do tributo. Muita gente foi isentada, aqueles que tem valor venal até 1
milhão e 400 mil cruzados foram isentados. Diz no seu artigo lº: para efeito de
cobrança do IPTU, no exercício de 1989, será observado o índice de 600% na
atualização de imposto em relação ao exercício de 1988.
Acho que aqui, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, se
encerram todas as discussões de otenização, de modificação de critério de
cobrança do IPTU no ano 1989. A Lei define que é para o exercício de 1989. Uma
Lei se modifica com uma outra Lei, mas há também uma Lei um pouco maior que
essa, que diz: "Impostos são fixados no ano anterior para serem cobrados
no ano seguinte.” Então a Administração do PT poderá, sem dúvida nenhuma,
analisar o problema, estudar com a profundidade que merece, mas para 1990. Acho
que a Lei Complementar nº 194 encerra o debate, a discussão, mas não encerra o
estudo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Próximo orador inscrito, Ver.
Flávio Koutzii, ausente. Com a palavra, o Ver. Ervino Besson.
O SR.
ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eis-me aqui encarando o futuro com todo o peso e responsabilidade
do mandato. A expectativa de todos aqueles que confiaram, trabalharam para
minha eleição. Foram anos de trabalho, esforço e dedicação ao próximo e, muitas
das vezes, de decepções, mas uma árvore plantada com amor e carinho se consegue
obter os melhores frutos. Com a graça de Deus e com a ajuda de meus amigos
consegui, após concorrer pela primeira vez a um cargo político, ser eleito
Vereador desta mui leal e valerosa Cidade de Porto Alegre. Tenho a plena
consciência da grandeza e da multiplicidade de problemas que nos aguardam,
especialmente no delicado problema de segurança pública. Não há como esperar
que a comunidade porto-alegrense possa trabalhar com o afinco que se faz
necessário para superarmos os graves problemas econômicos que se encontram
difundidos, a nível nacional, sem aquela certeza e a segurança de que seus
filhos, suas esposas, seus maridos, entes idosos queridos estejam protegidos.
Hoje, ao que assistimos é à total intranqüilidade e à
falta da mais elementar segurança. Nossos lares são violados, nossos filhos
agredidos, independemente do maior ou menor esforço da auto-protecão. Tanto da
mais luxuosa casa ou apartamentos como nos mais humildes lares dos trabalhadores,
há quem entre a qualquer hora do dia ou da noite para roubar, destruir, se
viciar, matar.
O Sr.
Vicente Dutra: V. Exª pemite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Ervino Besson, eu queria cumprimentá-lo e, em o
fazendo, cumprimentar esta Casa e a população de Porto Alegre que sabiamente o
conduziu a esta Casa. V. Exª é um homem de sensibilidade aguçada e grandes
serviços prestados à comunidade e eu fico feliz em tê-lo aqui como meu par.
Tenho certeza que V. Exª irá trazer uma contribuição decisiva para a melhoria
da qualidade de vida da nossa população, particularmente aquela população que
V. Exª representa, de forma especial a população da Cavalhada e da nossa Cidade
de Deus, onde V. Exª é a expressão maior como Líder Comunitário. Portanto, seja
bem-vindo a esta Casa e até cumprimento, porque já no primeiro momento em que
assume essa tribuna, e eu me recordo a primeira vez em que assumi essa tribuna, tremia, também, a minha perna. V. Exª,
com a sensibilidade que tem, aborda um assunto que é um assunto de todos, que é
o assunto da segurança da Cidade. Conclamo V. Exª para que nos somemos na busca
de soluções. Seja bem-vindo e tenha muito sucesso.
O SR.
ERVINO BESSON: Agradeço as palavras do
Ver. Vicente Dutra. Raro é o dia em que não se tem notícia de alguma violência
contra o patrimônio ou a própria pessoa em horários e locais em que,
presumivelmente, a vítima estaria sob amparo e proteção do Poder Público. Raro
é o dia em que não se tem notícia de algum bárbaro crime de trânsito, com atropelamentos
e até mortes, mesmo em frente a escolas sob faixa de segurança. Falando sobre
segurança, temos que lembrar que, assim como o Poder Público dissimula com
justa razão e alta proteção, policiais particulares tem o dever inegável de
prestar essa segurança pública ao cidadão, como dever fundamental do próprio
Estado. Em face dessa intranqüilidade coletiva gerada pela falta de segurança
pública, que impede a todos e a cada cidadão de envidar seus melhores esforços
no trabalho, na proteção e na criação de novas riquezas, rogo a Deus que
permita a mim e meus companheiros saber respeitar, enobrecer e honrar os
compromissos assumidos, contribuindo para a solução dos problemas que afligem a
nossa comunidade. Ao fim de cada um dos dias do meu mandato, rezo para que
jamais perca o dom da visão consciente, que me permite ver os problemas e os
interesses locais da minha comunidade e que eu jamais deixe de vivenciar toda a
minha força de trabalho para a solução desses problemas e defesa dos mesmos. A
respeito da segurança pública, ontem, ao chegar na padaria, lá estavam diversas
pessoas me aguardando. E, vendo a tristeza, vendo as lágrimas de uma senhora
com uma criança, quando ela chegou a mim e disse: "Ervino, eu não sei mais
o que vou fazer". É a família Bergamaschi, que veio lá do interior. O
próprio irmão tinha sido assaltado poucas horas antes. Estava ele numa
lanchera, ali na Faixa Preta, ele e a senhora dele, com uma criança de um ano e
meio no colo. Chegaram os bandidos, pediram o dinheiro e ele prontamente levou
a mão ao bolso para entregá-lo, pois o comerciante, assim como todo o povo de
Porto Alegre, vive um drama horrível, o povo de Porto Alegre está com medo, o
povo de Porto Alegre está assustado. E o bandido, sem piedade, pensando que
naquele momento ele iria puxar uma arma, não vacilou e apertou o gatilho. O
primeiro tiro que levou foi na barriga, o segundo entrou na boca e saiu do
outro lado e o terceiro acertou a cabeça de uma senhora que lá estava para
comprar um refrigerante para seus filhos. Srs. Vereadores, a população de Porto
Alegre está com medo, a população de Porto Alegre está com muito medo. Eu,
pessoalmente, acho que tenho uma proteção divina. Se não tivesse, estaria
morto. Já fui assaltado por seis vezes. Eu fui pisoteado. Ainda hoje existem,
lá na padaria, algumas marcas de balas, pois outras já foram tiradas. Mas
graças a Deus estou aqui. Portanto, Colegas Vereadores, fica aqui o meu apelo
para que se estude uma fórmula para devolver o sorriso ao povo desta querida
Porto Alegre. Muito obrigado.
(Nao revisto pelo orador.)
O SR. ARTUR
ZANELLA (Requerimento): Sr. Presidente, eu
sou o terceiro orador, a partir de agora, a falar em Comunicação de Liderança.
Solicito a V. Exª que aquele pedido que eu fiz de que o processo referente às máquinas
fosse colocado em cima da mesa para que os Vereadores pudessem ter acesso,
fosse cumprido até o momento em que eu assumir a tribuna, porque quero ler o
processo. Eu o li há uns dez dias atrás e não me recordo de todos os seus
detalhes.
O SR. PRESIDENTE
(Adroaldo Corrêa): A Mesa recolhe a
preocupação do Ver. Zanella, e lembra que o Vereador tem a possibilidade de ter
acesso. Como foi colocado pelo Vereador que me antecedeu, Isaac Ainhorn, está à
disposição.
O SR. ARTUR
ZANELLA: À disposição, onde?
O SR.
PRESIDENTE: No setor competente.
O SR. ARTUR
ZANELLA: E qual é o setor competente?
O SR.
PRESIDENTE: Vamos verificar.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Eu agradeço, porque me dizendo o
local, eu vou lá, porque esta Casa toda é um setor competente.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Wilson Santos.
O SR.
WlLSON SANTOS: Vou retardar, por 5
minutos, a participação dos Vereadores Décio Schauren, Artur Zanella e Adroaldo
Corrêa, tendo em vista o pedido de Liderança. Entretanto, o faço por se tratar
de um momento extremamente propício para que eu possa voltar a bater numa tecla
que já bati anteriormente. Já solicitei, através de um Pedido de Providências,
um estudo para a criação de uma Secretaria Municipal de Segurança Pública, e
vejo que esta Casa começa a sua atividade dando um matiz bem forte nessa
necessidade básica a ser suprida pela sociedade, especificamente, a nossa, a
porto-alegrense. O Ver. Luiz Vicente Dutra foi o iniciador desse debate, um
novo momento nesta Casa, e está tendo uma receptividade muito boa, e eu digo
que a segurança pública não tem uma vasão sistêmica, em termos de Município,
porque tem a Secretaria da Segurança Pública, que é um órgão estadual. Mas
vejam que Porto Alegre tem, até certo ponto, um tratamento especial, porque a
Secretaria da Segurança Pública tem um Departamento de Polícia Metropolitana, o
DPM, e me corrija se eu estiver errado o Ver. Delegado Cyro Martini, esse
Departamento de Polícia Metroplitana é para se dedicar ao policiamento de Porto
Alegre. A Brigada Militar, que é um órgão estadual, tem um comando de
policiamento da capital e unidades específicas para tratar do policiamento de
Porto Alegre. Mas o Governo de Porto Alegre que tem que ditar essa política,
aglutinar e agregar essas forças não tem um órgão. Então aí é que eu fundamento
e volto talvez no momento mais oportuno para se falar, Porto Alegre necessita
de uma Secretaria de Segurança Pública. Está coerente inclusive com o ideário
do Partido Liberal, porque nós combatemos o gigantismo dos governos. Nós
defendemos a privatização até do lixo, do esgoto e que se desinche a máquina
governamental. Mas o Partido Liberal defende as coisas que devam ficar a cargo
do Estado: é a saúde, a educação e a segurança pública. Então está coerente com
o discurso do Partido Liberal. Nós pregamos que o Governo Municipal – e vamos
fazer um Pedido de Providências urgente ao Prefeito Olívio Dutra - estude a
criação da Secretaria da Segurança Pública. Essa Secretaria, além da política
específica para Porto Alegre, aqui é que tem que se bater, uma política de
segurança pública específica para Porto Alegre, a Secretaria teria condições
de mobilizar a força da própria comunidade que quer participar na solução dos
problemas de segurança pública: mas ela está dispersa, está perdida numa política
estadual, quando o que nós queremos é uma política específica para a nossa
cidade de Porto Alegre. É evidente que interessa a todo o Rio Grande do Sul,
mas para isso está a autonomia dos Municípios e que cada Município estude a
necessidade de ter órgãos de segurança nos seus Municípios de acordo com as
suas necessidades. Eu venho usar o tempo de liderança e me volto à Bancada do
Partido dos Trabalhadores nesta Casa, para que também, se entenderem justa a
preocupação do Partido Liberal, que o Prefeito Olívio Dutra enseje a existência
da Secretaria Municipal da Segurança Pública, porque os próprios órgãos do
Poder Público Municipal podem todos eles contribuir para a segurança pública,
independentemente disso está a sociedade querendo colaborar, e estão aí todos
os segmentos da sociedade porto-alegrense, necessitando que o Governo Municipal
tenha uma Secretaria de Segurança Pública Municipal, voltada para, repetindo, e
eu vou repetir essa mesma coisa, mobilizar, aglutinar, fazer uma coisa
monolítica de todos os segmentos da sociedade para resolver o problema de
Segurança Pública em Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Na ordem, o Ver. Décio Schauren, l0
minutos.
O SR. DÉCIO
SCHAUREN: Sr. 3º Secretário, Srs. Vereadores,
em primeiro lugar eu gostaria de justificar a ausência do nosso Líder de
Bancada, Flávio Koutzii em virtude de um compromisso político que ele está
cumprindo. O Flávio Koutzii está representando a Bancada do PT na visita que o
candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, está
fazendo à Administração da Frente Popular em Porto Alegre. Gostaria de fazer um
registro aqui, um registro rápido, já que está sendo tratada a questão do
sumiço das máquinas aqui da Câmara de Vereadores. E eu gostaria de registrar
que o nosso colega, Ver. Heriberto Back, recebeu o seu gabinete sem o telefone
direto que cada Vereador tem direito. E estranhamente ontem foram desligados
também os telefones indiretos desse mesmo gabinete. Eu sei que o Ver. Heriberto
gostaria de falar pessoalmente essa questão, uma vez que é um problema pessoal
seu. Mas eu o faço porque os eleitores do Vereador estão tendo problemas, uma
vez que não conseguem se comunicar com o mesmo. Então, gostaria de pedir
providências da Mesa desta Casa para verificar essa questão.
O Sr. Artur
Zanella: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Já que temos dois integrantes da Mesa ali, eu ontem à
tarde resolvi fazer uma experiência: eu saí pelos fundos do prédio e por ali
mandei que uma pessoa saísse carregando um saco cheio de papel de jornal, um
saco de lixo. Ele saiu sem problema algum. Não tinha controle. Vou deixar bem
claro, verifiquei que, se alguém quiser levar qualquer coisa dessa Casa, saindo
pelos fundos, leva. Repito: já existia esse problema antes. Eu verifiquei
somente ontem. Na entrada, do outro lado, tinha um cavalete, que foi retirado
e, então, se alguma pessoa quiser retirar qualquer coisa daqui, uma máquina ou
qualquer coisa, e vou repetir, antes que o Ver. Clóvis Brum se pronuncie, isso
já existia antes. Então, como um alerta, junto com os telefones, à diligente
Mesa que está neste momento dirigindo os trabalhos, também eu lembro que esse
problema pode ocorrer, principalmente agora que estão entrando Vereadores,
saindo Vereadores e os seus assessores não são conhecidos de todos, pode
ocorrer um problema qualquer nesse local. Repito pela quarta, quinta vez, já
existia.
O Sr.
Clóvis Brum: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, acontece que, efetivamente, a informação do
Ver. Artur Zanella é procedente, e a Mesa Diretora da Casa, em reunião
realizada ontem, já determinou a instalação de segurança e de porteiro naquelas
duas portas dos fundos da Casa, bem como determinou também o deslocamento de
motoristas do quadro de funcionários da Casa para a garagem do prédio,
inacabada, que começa a funcionar mesmo em caráter precário, a fim de atender
essas preocupações.
O SR. DÉCIO
SCHAUREN: Eu gostaria de, além desta
questão, me deter num outro ponto, fazer algumas referências ao estado em que a
administração popular recebeu a Secretaria Municipal dos Transportes. A SMT,
foi constatado pelo nosso Secretário Antonio Hohlfeldt, não possui tabelas de
horários das linhas de ônibus, ou melhor, não se sabe qual é a tabela que está
valendo efetivamente, porque às vezes têm três tabelas: tem uma tabela da SMT,
a empresa tem outra tabela, e os fiscais, às vezes, tem uma terceira tabela.
Então, o nosso Secretário Antonio Hohlfeldt já tomou medidas com relação a isso.
Primeiramente os próprios fiscais escolheram suas chefias; nós também temos problemas
de fiscais, porque aproximadamente dos 100 fiscais, estão trabalhando 40, 40
estão em férias e os outros 20 estão deslocados para outros setores. Então,
foram tomadas medidas no sentido de que os fiscais percorressem as linhas para
recompor as tabelas de horários para que se tenha um horário efetivo de cada
linha e para que esses horários possam ser colocados nos fins de linha e nos
ônibus como prevê uma Lei do próprio Secretário Antonio Hohlfeldt, da época em
que era Vereador. Também para que
esses horários possam ser distribuídos às associações de Bairros, para que a
própria população possa fiscalizar os horários tão freqüentemente reclamados
que não funcionam, e também dar sugestões.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre
Vereador, quero dizer a V. Exª que nas duas vezes em que fui Secretário dos
Transportes, e quando o Ver. Artur Zanella também foi, na minha administração,
havia uma tabela de horários a ser cumprida. A única vez na minha vida em que
ousei escrever um trabalho, o fiz sobre transporte coletivo urbano e dizia que,
em síntese, transporte coletivo urbano é planejamento, fiscalização e tarifa
justa. E se não houver fiscalização competente e um planejamento melhor ainda,
nada funciona no transporte coletivo. Então, precisamos fiscalizar. Eu estranho
que a SMT tenha três opções de horários na Cidade.
O Sr. Cyro Martini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu
quero retornar ao terceiro enfoque relativo à segurança e o cuidado com relação
aos pertences, aos objetos da Casa. Eu conheço a maior parte daqueles que
compõem a segurança e a vigilância desta Casa, e sei que são eficientes,
zelosos e dedicados. Mas, pela experiência que eu tenho em relação a este tipo
de atividade, o número me parece extremamente reduzido e o tamanho, as
dimensões do prédio não permitem que oito seguranças mais o sub-chefe e o
chefe, além de três vigilantes, consigam desenvolver atividade absolutamente
indispensável de cuidado com relação aos pertences desta Casa. Eu entendo que
esse número deveria ser aumentado, em quantos eu não sei, só sei que o número
atual é muito reduzido, muito limitado para todos encargos que os seguranças têm.
O SR. DÉCIO SCHAUREN: Vereador, me permita concluir porque já tinha entrado num outro
assunto. Gostaria ainda de colocar que ontem, ou melhor, até ontem foram
efetuadas 91 atuações pela fiscalização e se referiam, principalmente, a táxis-lotação, problema de roleta
e houve inclusive várias reincidências de táxis-lotação que reincidiam no
excesso de lotação. Também foi autuado um ônibus que continha um rombo no
assoalho onde poderia cair fora uma pessoa. Quero colocar que, em outras
épocas, sabe-se, que as empresas pediam para tirar a multa. Nós entendemos que
a multa deve ser mantida para evitar que haja reincidências no não cumprimento
da legislação. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDS. Ver. João Dib.
O SR. ARTUR
ZANELLA (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, depois falará o Ver. Clóvis Brum e depois eu, então, estou pedindo
a cada um que assume a Presidência o processo aquele, ou o Vereador que
presidia os trabalhos, colocou que estaria no setor competente e depois me
informou que estaria no Gabinete da Direção Geral.
Gostaria,
por favor, de ser atendido, pois quero ter acesso a esse processo.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, V. Exª vai ter acesso, como já deveria ter na Legislatura passada.
O SR. ARTUR ZANELLA: Eu expliquei que na Legislatura passada faz l0 dias que eu
tomei conhecimento.
O SR.
PRESIDENTE: Não tem nada, é tudo ainda da
Legislatura passada. A palavra com o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Não
tivera eu um dia escolhido a profissão de engenheiro civil eu teria sido um
advogado. Eu tentaria ser um jurista tão brilhante como o meu amigo Omar Ferri.
Ouvi da Auditoria da Casa que disse que tínhamos anteriormente o Vereador 22 e
que agora o Vereador 34, Helly Lopes Meirelles, fez um relato dizendo que (Lê.)
“sindicância administrativa é o meio sumário de elucidação de irregularidade no
serviço, para subseqüente instauração do processo para punição do infrator.
Pode ser iniciado com ou sem sindicado, bastando que haja indicação de falta a
apurar. Não tem procedimento formal, nem exigência de comissão sindicante,
podendo realizar-se por um ou mais funcionários designados pelas autoridades
competentes”.
Mas, evidentemente, o nosso Vereador 34, Helly Lopes
Meirelles também obriga o Engº João Dib a pesquisar. Então, à página 61, quando
ele define princípios básicos da administração pública, ele situa em primeiro
lugar a legalidade e diz o Vereador 34, que apóia o parecer da Auditoria da
Casa, diz: (Lê.)
“Legalidade – A legalidade, como princípio de
administração, significa que o administrador público está, em toda a sua
atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei, e às exigências do bem
comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido
e expor-se à responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso.
A eficácia de toda atividade administrativa está
condicionada ao atendimento da lei.” (Pág. 61, Direito Administrativo
Brasileiro.)
Na pág. 67, quando fala de excesso de poder do administrador
público, ele diz: (Lê.) “Os poderes e
deveres do administrador público são os expressos em Lei”.
Na página 75, quando ele fala de excesso de poder do
administrador público, ele diz: "o excesso de poder ocorre quando a
autoridade, embora competente para praticar o ato, vai além de permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas:
Excede, portanto, sua competência legal e com isso invalida o ato. Porque
ninguém pode agir em nome da administração fora do que a Lei lhe permite. O
excesso de poder torna o ato arbitrário, ilícito e nulo.”
Portanto, quando levantei uma Questão de Ordem dizendo
que, na forma da Lei Complementar 133 - se não estou equivocado, mas que é o Estatuto do
Funcionário Público Municipal - e que define muito claramente que o sindicante
é um só, não cabe uma comissão. Aqui
está o mesmo Autor citado pela Auditoria da Casa, agora usado pelo engenheiro,
porque direito não é senão bom senso,
dizendo o Dr. Helly Lopes Meirelles, Vereador nº 34, desta Casa, que “a
sindicância far-se á na forma da Lei”. E a forma da Lei que esta Casa tem, que
este Município tem, é a forma definida no Estatuto do Servidor Público
Municipal. Entendo, insisto, que apenas um deve ser o sindicante, sob pena e
risco de nulidade de tudo o que se levanta. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador, Ver. Clóvis Brum. Ausente. Ver. Artur
Zanella, V. Exª está com a palavra.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
infelizmente, vou repetir na frente do Presidente, para que o Presidente me
entenda, quando eu pedi para ver esse Processo, eu disse que havia lido o Processo há cerca de 10 dias e por isso
gostaria de lê-lo novamente. E não li com grande atenção, com grande
profundidade, porque, efetivamente, estava sendo tratado pelas pessoas
responsáveis que eram: a Diretora Geral e o Sr. Presidente da Casa, que teve a
gentileza, na época, de nos colocar as questões.
Esteve há poucos minutos, aqui, o ex-Vereador Ignácio
Neis. Depois que falei, S. Exª esteve aqui, porque o seu ganha pão, que é uma
escola de telefonista, de português, de datilografia estava sendo inundada de
telefonemas perguntando afinal de contas se ele tinha ou não roubado máquinas
da Câmara Municipal de Vereadores; vi também a antiga Secretária-Geral, não sei
se por isso ou não, mas também visitando a Casa, por isso que eu queria ter
este processo em mãos para lê-lo e os nomes que aparecem no processo, para que,
claramente, se definam as coisas. E o processo não está nas minhas mãos.
Mas, ainda espero que seja votado esta manhã o
Requerimento do Ver. João Dib, eu também assinei junto, que pede uma Comissão
Especial para acompanhar esse trabalho. Isso é muito sério, muito grave, porque
hoje há um campeonato nacional de ver qual é a Câmara que fez piores coisas: em
Minas Gerais foi um lustre; no Rio, um bebedouro; em São Paulo, uma divisória;
em São Gabriel, apareceram pessoas que se aposentariam, então, efetivamente,
neste festival eu não gostaria de estar.
O Sr.
Valdir Fraga: Não estamos aqui dando
nenhum destaque, tanto é que não foi a Mesa da Casa que divulgou a situação; a
Mesa, no momento em que recebeu esse processo, tomou as providências como
qualquer outro companheiro que estivesse presidindo a Casa tomaria, buscando
uma sindicância administrativa. Nós não estamos acusando a Mesa anterior,
estamos buscando a verdade. E, referente ao processo a que V. Exª está pedindo
vistas, estamos estudando uma maneira, estamos conversando com a Auditoria,
porque esse processo já se encontra nas mãos dos funcionários que foram
indicados para essa Comissão, então, como Vereador, gostaria que V. Exª
entendesse. E se V. Exª quiser procurar conversar com um dos sindicantes, e, se
eles acharem por bem mostar para V. Exª, não haverá nenhum problema. Agora, nós
passaremos a mostrar, a colocar nas mãos das Lideranças, dos Vereadores, no
momento em que os sindicantes nos derem uma posição. Não tem por que nós
constituirmos uma sindicância e em qualquer momento o Vereador interromper o
trabalho que eles devem usar com toda a atenção.
Nós estamos levando de uma maneira que possamos chegar
a um denominador comum e ao encontro dos desejos de todos os companheiros. O
que nós não queremos é levar esse problema para um lado que venha a desgastar,
não só a Casa atual, mas os outros companheiros da Legislatura passada.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Evidentemente, eu não quero
dialogar com a Presidência, mas veja V. Exª como as coisas cada vez se
complicam mais. O Ver. Clóvis Brum, que é Vice-Presidente da Casa, há 5 minutos
atrás, na frente do Ver. Adroaldo Corrêa, que espero que confirme, disse que
estava nas mãos da Drª Dilma
Linhares. Segunda coisa, eu não concordo, com todo o respeito, que eu tenha que
pedir para um sindicante para ver um processo nesta Casa. Já fui Vereador seis
anos, fui eleito novamente, então, se eu tenho que pedir licença para um
sindicante para olhar o Processo... Não existe essa figura do sindicante
todo-poderoso comandando esta Casa. O Ver. Omar Ferri já foi mais pródigo,
queria xerox para todos. Mas eu acho que está certo. Isso tem que ser aberto,
acho que o Vereador tem o direito de ver o Processo, principalmente aqueles que
tratam de um problema como esse.
O Sr. Omar
Ferri: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Olha, para ver como é que é a vida; há poucos
momentos V. Exª dizia nesta Casa que iria me processar, porque...
O SR. ARTUR ZANELLA: Eu vou lhe interpelar judicialmente.
O Sr. Omar
Ferri: Não precisa interpelar, eu confirmo
publicamente o que eu disse: que o Vereador devia estar com a consciência
pesada, porque foi Vereador seis anos antes desta Legislatura e não tomou
nenhuma providência com relação aos boatos que já invadiam Porto Alegre, porque eu não era Vereador e sabia do
desaparecimento de máquinas nesta Casa. Mas o meu aparte é no sentido de
prestar solidariedade a V. Exª, nesta posição de que aqui nesta Casa eu entendo
que por um princípio de consagrar um direito de todos nós Vereadores, acho que
o Vereador está acima de qualquer departamento da Câmara de Vereadores e tem direito de acesso a todos os
expedientes, com preferência dos expedientes que tramitam aqui na Casa.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Corrigindo V. Exª, porque naquele
momento V. Exª não disse que eu devia estar com a consciência pesada, V. Exª
disse que eu estava com a consciência pesada. Eu peguei as notas taquigráficas.
Quero dizer a V. Exª que a nossa Mesa tomou providências e tanto que fez o
levantamento, apresentou o local onde as máquinas estavam na última vez, fez um
processo e encaminhou à Mesa. Então, as providências foram tomadas. E de mais a
mais, quem toma essas providências não sou eu e sim a Mesa, que é
representada pelo Sr. Presidente. Eu sigo rigorosamente essa regra. Para
orientação de V. Exª, em determinada época eu era vice-Presidente de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito que investigava a SMT e o Dr. João Dib me
nomeou Secretário dos Transportes, e no outro dia passei a réu. São as regras
da vida. Por isso as coisas têm que ser abertas. Eu não tenho a menor
consciência pesada, estou tranqüilo, pois a Mesa tomou todas as providências.
O Sr. Omar
Ferri: No sentido de colaborar com V. Exª
e com esta Casa, eu fui informado, há questão de 15 minutos por uma
ex-Vereadora desta Casa que, além desses dois expedientes, há alguns meses
foram expedidos uma série de ofícios a Vereadores com assento nesta Casa e não
sei se também para chefes de Diretorias e Departamentos da Casa, solicitando a
devolução de máquinas e artefatos, de aparelhos até eletrodomésticos, isso é
invenção minha, é claro, mas que ninguém respondeu ao ofício. Quer dizer, a
coisa não é tão misteriosa e tão nova assim. Por isso é que houve a denúncia,
porque se não há denúncia, não se resolve coisa nenhuma.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Então eu diria a V. Exª que
espero, ao final desta Sessão, ou determinado dia, V. Exª reconsidere e veja
que eu não estou com a consciência pesada, porque a Mesa tomou as medidas na
época necessária.
Eu espero que até o final da Sessão ocorram duas
coisas: primeiro, que o Processo apareça para nós podermos ver e, em segundo
lugar, seja votado o Requerimento do Ver. João Dib, pedindo uma Comissão
Especial para tratar desse assunto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Valdir Fraga): Com a palavra,
o Ver. Adroaldo Corrêa.
O SR. ADROALDO
CORRÊA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
O Sr. João
Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Adroaldo Corrêa, quero usar o tempo de V. Exª
para dizer que nós estamos num Parlamento e Parlamento é debate, e na força do
debate é que as idéias se entrechocam. Então, eu pediria ao Ver. Omar Ferri e
ao Ver. Artur ZanelIa que esquecessem o incidente, porque não houve intenção de
agredir.
O SR.
ADROALDO CORRÊA: Obrigado pelo aparte
preliminar. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós gostaríamos de ocupar o tempo
de hoje para fazer não só um registro do que está nos jornais, mas também uma
consideração mais abrangente do que se encontra no jornal “Zero Hora” sobre a
situação do Montepio dos Funcionários do Município que está, por um longo
período, desde maio do ano passado, sem receber o repasse do que lhe é devido e
que é arrecadado dos trabalhadores municipários, pela Administração Municipal
que antecedeu o Governo da Frente Popular, que há cinco dias está no exercício
da Administração Pública em Porto Alegre.
Mas a consideração mais ampla que queremos fazer é um
registro objetivo de que esse, apesar de ocorrer a partir de maio do ano
passado, na Administração Collares, não é inusitado, não é um fato
completamente novo nesta República. Muitos se apropriam, indebitamente, do
direito dos trabalhadores, através das suas cotas no Fundo de Previdência. E
isto se dá a nível do Estado, se dá a nível da União Federal, desde que
surgiram em nosso País as caixas de auxílios, o fundo mútuo, a partir da década
de 30, que vão dar consistência e formar o fundo econômico dos sindicatos de
trabalhadores. Basta ver que, a partir de um determinado período, na década de
60, aquilo que era uma situação absolutamente sob controle dos próprios
trabalhadores, que eram os fundos de previdência dos iapês, passam por força e
"mano militare" ao controle da União Federal. Basta ver que esses
fundos, que tinham por única e exclusiva função o mútuo socorro, a pensão e o
auxílio, passaram a servir, na União Federal, embora tivesse, objetivamente, a
necessária obrigação da contrapartida, também esses fundos, como orçamento de
saúde. O Ministério da Saúde tem um orçamento tão precário, que todo fundo
previdenciário é hoje utilizado nos serviços de saúde da Nação. Essa é uma apropriação sempre absolutamente
indébita, porque, por não realizar o seu orçamento de saúde, por não construir
um fundo único para a prestação de serviço de saúde no País, lança mão a União
Federal dos recursos dos trabalhadores, retirados compulsoriamente, em cotas
mensais, para fazer a política de saúde criticada pelos próprios
trabalhadores, através da Previdência Social, onde esses mesmos trabalhadores,
que têm os seus direitos, não recebem a contrapartida justa pela
aposentadoria, após os anos de serviço que realizam e passam a sofrer a
necessária permanência em filas por serviços precários, para ter migalhas de
atenção à doença, porque a saúde, particularmente, não é apenas o tratamento
médico, ou a consulta a partir de um ambulatório, seja em que região do País
for.
O Sr. João
Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, o Montepio dos Funcionários
Municipais, criado na administração José Loureiro da Silva, no dia 1º de
setembro de 1963, e que teve como grande inspirador o Presidente da Casa à
época, Cel. João Lúcio Marques, durante todos os seus 25 anos de história
jamais teve, de parte da administração centralizada do Município, qualquer
atraso. E uma entidade que faz todo o seu trabalho baseada em cálculos atuariais
deve estar muito mal com seiscentos e trinta milhões de cruzados. Mas eu quero
dizer a V. Exª, já que há uma preocupação do Executivo, que a Associação dos
Funcionários Municipais, que dá atendimento de grande risco aos funcionários
municipais, também está sem nenhum crédito, porque a administração passada,
apesar das promessas, e promessas feitas publicamente, não socorreu nenhuma das
duas entidades.
O SR.
ADROALDO CORRÊA: Era essa também um objeto
da nossa apreciação, Ver. Dib, em função de que a situação do não-repasse atinge também a Associação dos
Funcionários, na medida em que está com 120/125 milhões de débito da cota que
deveria ser repassada contingencialmente. Ela não é uma cota de livre
utilização da Prefeitura Municipal, ela é uma cota devida, que apenas passa
pelo Tesouro Municipal, porque ali se faz o pagamento dos funcionários, de onde
se extrai a cotização. Como eu
estava dizendo, em relação à União Federal, ocorre a situação particular que é
historicamente constituída em nosso País, também no Estado do Rio Grande do
Sul. A mesma situação é existente junto ao Fundo que deve o Governo Estadual
ao Instituto de Previdência do Estado. Esse Instituto vem vivendo, há um longo
período, uma situação não só semelhante, como a de controle dos fundos de
caixa, a partir do mês a mês, pelo Executivo, que lhe deve a verba e só repassa a essencialidade dos gastos que
são para o mês, ou seja, para o pagamento da folha ou para o funcionamento de
custeio. As quotas essenciais, conjunto que lhe propiciaria ter em mãos o
fundo, e a gerência do fundo, tendo por resultado uma coisa bem feita, ou mal
feita, fica sob controle do Governo do Estado, assim como tem ficado o fundo de
previdência, contingenciados, retirados dos trabalhadores, muitas das empresas não
fazem a contrapartida necessária, tem ficado, muitas vezes, muito mal
gerenciado, através do recolhimento pela Previdência Social, hoje, Ministério,
pelo Governo Federal. Esse dinheiro, temos certeza, é dos trabalhadores, não é
para apropriação individual de uma eventual gestão. Nós enfrentaremos um
problema grave no início desta gestão, que tem cinco dias, para, também como
outros, em função do saldo zero, ou saldo mínimo de caixa deixado pela
Administração anterior, que inaugura as obras das quais falaremos, das quais
pretendemos fazer um balanço com mais profundidade nas próximas Sessões, porque
hoje estamos abordando aspectos iniciais e localizados em função do noticiário
da imprensa. Deixando obras para serem, a partir da pedra fundamental, concluídas
numa gestão posterior, como quem pretende sonhar um dia e ver que o outro realiza seus sonhos, o que se sabe ser impossível.
Ou sonhamos e lutamos pelos nossos sonhos, ou eles não surgirão de forma alguma
como realidade.
Para encerrar, gostaríamos de dizer que do resultado,
da situação objetiva de débito desse dinheiro ao Montepio dos Funcionários,
pela Prefeitura Municipal, a partir da ausência de repasse das quotas devidas,
existem em penúria, em situação difícil, duas mil viúvas que são mães de crianças,
que os governantes da gestão anterior
dizem querer proteger. Nós também nos preocupamos com as crianças, com os
adultos, sejam jovens ou velhos, e a Frente Popular não pode ficar, de alguma
forma, comprometida com esses interesses se
não tiver os recursos necessários. A essencialidade desses recursos é para
afirmar o seu programa escolhido para esta Cidade. Temos certeza de que a
situação é emergencial e será vencida, não só em relação ao Montepio, mas
também com relação à obras prometidas em gestões anteriores nós analisaremos as
obras, nós faremos o que for essencial para a Cidade. Mas nós faremos com
critério, não deixaremos sob o controle do Executivo aquilo que é dos
trabalhadores, aliás, não é nossa proposta. Nossa proposta é de autonomia,
independência e organização razoavelmente comprometida com esses interesses.
Significa emancipação dos próprios trabalhadores. Nós não temos nenhum
interesse em ocupar politicamente qualquer setor que não seja aquele que nos é
indicado pela própria ação política que desenvolvemos. Nós entendemos que
atrelar entidades, para concluir, Sr. Presidente, como o Montepio ou como o
Sindicato, ou como qualquer entidade do movimento social, aos interesses do
governante, seja pela asfixia financeira, seja pela invasão ou ocupação
política aparelhista é um erro e não contribui para emancipação social. Muito
origado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Gostaria de esclarecer aos
Srs. Vereadores que o Ver. Isaac Ainhorn usa o seu tempo neste momento, porque
no momento em que ele deveria usar o seu tempo, ele estava presidindo os
trabalhos, e com a permissão de V. Exas, o Vereador usa o seu tempo disponível agora.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
trago a este Plenário um assunto que mereceu a atenção dos Srs. Vereadores e
foi largamente debatido aqui na manhã de hoje. Mas o assunto foi examinado, foi
enfocado dentro de um enfoque que se colocaria assim,vamos dizer, em termos
muito amplos e gerais, ou seja, em relação à questão da segurança da nossa Cidade,
do nosso Estado. Tem uma expressão popular que diz assim: Se não pode ajudar,
pelo menos não atrapalhe. Isso eu digo em função de um fato que eu estou
trazendo neste momento a esta tribuna, para lamentar e dizer, em função desse
fato, a insegurança dos cidadãos dentro da Cidade de Porto Alegre. A violência
e a criminalidade vão aumentar em função dessa decisão que foi tomada
recentemente e que eu estou trazendo aqui ao exame desta Casa e àcomunicação
dos meus pares. Como é do conhecimento público, no mês de abril do ano findo, o
Delegado titular da 10º Delegacia de Policial expediu Portaria determinando o
fechamento dos bares na área da sua jurisdição, ou seja, na área do Bom Fim,
durante a semana à meia noite e, às sextas e sábados, às 02 horas da manhã.
Evidentemente, numa situação normal, uma medida dessas não teria sentido
nenhum, porque eu sou um homem que tenho sustentado abertamente o princípio
amplo da liberdade do comércio. E, se há freqüentadores para bares durante a
madrugada, para as boates, eu acho que esses estabelecimentos devem ficar
abertos. Não há problema nenhum. Mas, no Bom Fim, especificamente, estavam
gerando uma situação de violência nos bares do Bairro. Porque a violência se
dava durante toda a noite, porque os bares não fechavam, ficavam abertos a
noite toda, e ao amanhecer, porque as pessoas que saiam cedo da manhã para as
suas compras matutinas ou caminhadas eram vítimas de violência, de assalto, os
estabelecimentos comerciais eram depredados. E frente a essa situação, o titular
da 10º Delegacia de Polícia, com o apoio de mais de 70% da comunidade do Bairro
Bom Fim, expediu uma Portaria limitando o horário de abertura dos bares no
Bairro Bom Fim. Ou seja, meia-noite, nos dias de semana, e duas horas da manhã,
nos finais de semana. Reitero que não é uma medida das mais simpáticas, mas,
frente ao clamor da população que estava vendo cerceado seu direito de ir e
vir, diante do clamor dos moradores do Bairro, mais de 27 mil pessoas
residentes ali naquele Bairro densamente povoado e que eram vítimas da
violência pela circulação de tóxicos, pela venda de bebidas, e por lá estar se
constituindo durante a noite uma aglutinação de marginais que vinham de todos
os pontos da periferia da nossa Cidade, não teve outra alternativa, com o apoio
da comunidade, senão determinar a medida de fechamento e de limitação do
horário de fechamento dos bares durante as noites. E, realmente, aconteceu um
fato inusitado: é que, com o fechamento dos bares à meia-noite, às duas da
manhã, durante os fins de semana, houve uma diminuição substancial da violência
naquele bairro, e as pessoas puderam, novamente, ir ao cinema Baltimore, à
outra casa de espetáculos ali em cima, as pessoas começaram, novamente, a se
dirigir aos clubes sociais que existem no bairro, começaram a poder transitar
livremente ali naquela zona. Realmente, a medida foi uma medida que representou
eficácia, tranqüilidade para os moradores do Bairro Bom Fim. No entanto,
infelizmente, o juiz titular da Segunda Vara dos Feitos da Fazenda Pública,
instado por uma petição de um dos bares, através de uma medida cautelar
inominada, num primeiro momento, no seu despacho de 7 de dezembro de 1988, diz
o seguinte: "Recebi hoje a Portaria da autoridade policial. Contém séria e
relevante fundamentação, calcada em razões de ordem e de segurança públicas,
fatos que, por si só, arredam a concessão de liminar requerida, ao menos em
juízo prévio, sem ouvir a parte contrária. Indefiro a liminar. Intime-se em 7
de dezembro de 1988." No entanto, nova petição é formulada em data de 27
de dezembro de 1988, agora há pouco mais de uma semana, e o despacho do juiz,
para tristeza dos moradores do bairro, foi nos seguintes termos: "Repenso
o despacho de folhas dois, e concedo a liminar requerida no sentido de sustar
os efeitos de Portaria de folhas 14, 16, em relação aos autores, arredando a
restrição do horário nela estabelecido, até ulterior deliberação." Portanto,
de repente as relevantes razões de segurança pública e de interesse dos
cidadãos são arredados e S. Exª, o Juiz da Segunda Vara dos Feitos da Fazenda
repensa os despachos e determina a liberação. É evidente que esse despacho não transitou em julgado e os
moradores do Bairro Bom Fim vão se mobilizar no sentido de que a população,
enquanto o Estado do Rio Grande do Sul não tiver condições de dar segurança aos
seus cidadãos porque as pessoas estão sendo vítimas de assassinatos, de
estupros, de violência a todo dia, portanto enquanto persistir essa situação
não se pode pensar numa permanência dos bares abertos após à meia-noite porque,
infelizmente, hoje existe um clima de intranqüilidade no bairro que, no momento
da abertura dos bares, acarretará novamente o retorno da violência, da
insegurança no Bairro Bom Fim e, Ver. Vicente Dutra, que há pouco esteve aqui pedindo
uma Comissão Especial para examinar as questões de segurança pública, veja V.
Exª que, na prática, no concreto, as ações tem sido de mais favorecer a
violência do que dar segurança ao cidadãos que clamam, que suplicam, enquanto o
Estado do Rio Grande do Sul, que é o órgão responsável pela segurança do
cidadão, não tiver condições de dar segurança, medidas alternativas devem ser
tomadas e essa é uma medida
alternativa.
Nós sabemos que há poucos dias um empresário de nossa Cidade,
apavorado com o número de arrombamentos que os seus estabelecimentos
comerciais já tiveram, uma média de dois por semana, ele pediu até numa medida que não tem amparo legal, mas apavorado
frente a essa situação, a própria
intervenção das Forças Armadas do Exército para que minorasse o clima de
violência e assaltos na nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Tempo de Liderança, com o Ver. João Motta.
O SR. JOÃO
MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
gostaria, no primeiro momento, rapidamente, de manifestar uma síntese da
posição da Bancada em relação ao problema tão debatido nesta Sessão, que diz
respeito às máquinas e outros aparelhos da Casa. Em primeiro lugar, pelo
princípio da transparência política, nós da Bancada do PT, desde o primeiro
momento, apoiamos a iniciativa já tomada pela Mesa de instaurar um levantamento
detalhado acerca desse fato; em segundo lugar, discordamos de posturas que
instalam um clima de desconfiança nos funcionários da Câmara, sem que se tenha,
ainda, dados e informações concretas sobre esse caso.
Em segundo lugar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
gostaria de, à luz da contribuição do Ver. Luiz Machado acerca da reunião de
ontem, feita no Belém Novo, tentando contribuir com V. Exª, colocar alguns
dados e algumas informações que me parecem importantes acerca desse encontro.
Em primeiro lugar é do conhecimento de todos os Srs. Vereadores de que este
Projeto que viabiliza a construção e a pavimentação da Estrada Costa Gama se
encontra em uma situação de dependência radical de verbas. Esse é o problema
concreto, do conhecimento de todos nós e, o problema das verbas se aguçou,
nestes últimos dias, em razão de que embora já estivessem previamente definidas
as verbas, inclusive, o próprio projeto, elas foram utilizadas para outras
finalidades, como já bem colocou aqui o Ver. Zanella. Em segundo lugar, da
reunião de ontem, aliás desde a primeira reunião do Secretário da Administração
Popular, ficou visível pelo entendimento que a Administração Popular têm de que
essa obra mereceria da SMOV, da Secretaria do Planejamento, de toda a
administração um cuidado especial, e é assim que está sendo tratado, e foi com
esta perspectiva que ontem, quatro dias após a posse, a Administração foi imediatamente ao encontro de toda
população para ouvi-la e para discutir com a população iniciativas no sentido
de ver alternativas para viabilizar esse projeto. E na reunião de ontem ficou
evidente que em primeiro lugar, imediatamente, a SMOV, o Planejamento e a
Fazenda irão fazer estudos para pavimentar os 800 metros que já estão,
inclusive, na sua primeira etapa prontos, para exatamente evitar que se perca
esse trabalho inicial, e, em segundo lugar, também se colocar como objetivo a
curto e médio prazo a pavimentação de pelo menos mais 800 metros. E é bom inclusive que se frise que a
decisão de onde vão se pavimentar esses 800 metros, se é em continuação ou se é
na outra extremidade da estrada, será debatida com a comunidade, inclusive uma
reivindicação da própria comunidade. Em terceiro lugar, a conclusão da obra,
digamos assim, está assumido o compromisso político da SMOV, do Planejamento,
da Administração, de procurar alternativas para viabilizar. Agora, nós não
podemos iludir a população e nem inventar meias verdades ou informações erradas
para tentar atender ao apelo e à angústia da população, que ficou visível
ontem. Mas acontece que essa angústia e esse cotidiano das milhares de pessoas
que habitam aquele bairro, e aí não é por uma responsabilidade da administração
popular, é bom frisar isso, está também em outras áreas. Primeiro exemplo, na
área de educação já foram rejeitadas 50 inscrições de crianças numa escola, na
escola que recebe os alunos e os estudantes do Bairro Belém Velho, que é a
escola estadual Pacheco Prates. Segundo problema, os transportes enfrentam
problemas sérios de precariedade nos ônibus e desorganização nos horários; o
abastecimento d'água é precaríssimo,
a hidráulica não consegue mais responder à demanda; saneamento básico: há áreas
era que o sanemento é a céu aberto, quer dizer, não existe saneamento e,
para concluir, na área da saúde o plantão no posto de saúde que existe na área,
o único, é só feito parcialmente pela manhã. Então, é só para os Srs.
Vereadores terem ou apanharem com radicalidade todo o problema que enfrenta a
comunidade Belém Velho. E frise-se, não por responsabilidade da Administração
Popular. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Convido o Ver. Adroaldo Corrêa
para que secretarie os trabalhos.
Recebemos um Requerimento do Líder do PDS, Ver. João
Dib, o encaminhamos para a Auditoria para que nos desse parecer. Será lido o
parecer da mesma. Solicito ao Secretário, Ver. Adroaldo Corrêa, que proceda à
leitura do mesmo.
O SR.
SECRETÁRIO (Adroaldo Corrêa): (Lê o parecer
da Auditoria.)
“Parecer nº
283/89
Requerimento encaminhado pelos Vereadores João Dib, Líder da Bancada do PDS e Artur Zanella, Líder da Bancada do PFL e recebido pela Mesa na reunião plenária da Comissão Representativa, em 04 de janeiro de 1989.
O Requerimento em epígrafe vem a esta Auditoria para
parecer.
Os nobres Vereadores signatários solicitam seja constituída Comissão Especial para acompanhar sindicância instaurada para apurar o desaparecimento de materiais pertencentes ao patrimônio deste Órgão Público. A responsabilidade pelo controle do patrimônio se dá na esfera administrativa.
O Pedido não encontra o alegado respaldo no artigo 53,
IV, § 3º do Regimento Interno. À luz do referido dispositivo, o que pode ser
apreciado pelo Plenário é Requerimento para constituir Comissão Especial
destinada a examinar assunto relevante ou excepcional, mas não para acompanhar
sindicância destinada a apurar irregularidade administrativa, ainda que a irregularidade
apontada seja considerada relevante ou excepcional.
O Regimento Interno estabelece as atribuições
legislativas da Câmara não contemplando, em qualquer dos artigos, a
possibilidade de constituição de Comissão Especial para acompanhar sindicância
pertinente à administração dos serviços da Casa, matéria de competência da Mesa
Diretora e do Presidente.
Trata o Regimento Interno de matéria processual e
procedimental na órbita legislativa, precipuamente. A sindicância rege-se pelo
Direito Administrativo e legislação pertinente, no caso, a Lei Complementar nº
133/85 - (Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de Porto Alegre).
Portanto, estas duas ordens institucionais, a
legislativa e a administrativa, constituem-se em instâncias separadas, cujas
competências obedecem a legislações próprias.
O artigo 223 da Lei Complementar nº 133/85 estabelece o prazo de 10 dias úteis para o(s) Sindicante (s) nomeado(s) apresentar(em) relatório sugerindo as medidas que entende(em) cabíveis, bem como o devido encaminhamento, se o fato apurado for passível de apreciação em outra alçada ou competência.
Por todo o exposto, opinamos pelo indeferimento do
pedido de Comissão Especial para acompanhar Sindicância tempestivamente
instaurada pelo Presidente para apurar irregularidade na órbita administrativa
da Câmara, por carência de base legal.
É o Parecer, s.m.j.
Em 04 de janeiro de 1989.
(a) Sueli Silveira de Moura, Auditora.”
O SR.
PRESIDENTE: A Presidência indefere,
acompanhando Parecer da Auditoria.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente, penso ter
esclarecido, fartamente, dentro da legislação, dentro da jurisdicidade de Helly
Lopes Meirelles, que a Comissão de Sindicância instalada por V. Exª é nula. E,
portanto, se possível eu altero os termos de “acompanhamento”, para que a
Comissão Especial verifique o que ocorreu nesta Casa, porque é um assunto
extremamente relevante e precisa ser esclarecido. E se nós cometermos o erro da
Comissão de Sindicância, que foi instaurada pela Mesa da Câmara, nós estaremos
invalidando todos os esforços de fazer justiça.
O SR. ISAAC
AINHORN (Questão de Ordem): Nobre
Presidente, eu entendo que V. Exª, no uso das suas atribuições, já decidiu. Evidentemente,
que aquele que se irresignar com
relação à decisão de V. Exª, pode recorrer. E antes que eventualmente haja
recursos, tendo em vista que esse assunto tem aspectos controvertidos, eu
indago a V. Exª se é possível ouvir-se, caso se verificar recurso, a Comissão
de Justiça da Casa nesse período de recesso.
O SR.
PRESIDENTE: A Mesa já indeferiu o
Requerimento do Ver. João Dib. Só tem um caminho que é recorrer à Comissão de
Justiça, mas infelizmente a Comissão só poderá ser instalada em março.
O SR. ARTUR
ZANELLA (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, como eu li que o problema aí se refere a ter uma Comissão, não
pode, para acompanhar uma sindicância, eu e o Ver. João Dib já apresentamos um
Requerimento alterando. Nós não queremos mais acompanhar sindicância nenhuma,
nós queremos uma Comissão para tratar do assunto desaparecimento de máquinas.
Gostaria de saber de V. Exª se esse Requerimento não poderá ser votado ainda
hoje.
O SR.
PRESIDENTE: Hoje, infelizmente, não
poderá, porque já se esgotaram as votações que foram no início da
Reunião, como V. Exª, como ex-Vice-Presidente sabe
bem que neste momento não é possível.
Este Requerimento só poderá ser colocado em votação na próxima Reunião.
O SR.
VICENTE DUTRA (Questão de Ordem): Entendo,
Sr. Presidente, que a matéria deveria ter sido discutida amplamente em
Plenário e após a Mesa tomasse suas decisões. O Ver. Zanella e o Ver. João Dib
pediram alteração da justificativa, não mais para comissão, mas para o exame.
O SR.
PRESIDENTE: Eu respondi para o Ver. Artur
Zanella que vamos colocar o Requerimento em votação na próxima Reunião.
O SR. JOÃO
DIB: O assunto, Sr. Presidente, estava
sendo discutido neste momento, estamos, apenas, alterando, do próprio
Requerimento assinado por mim e pelo Ver. Zanella, uma palavra. Queremos fazer
a sindicância e não mais acompanhar a Comissão.
O SR. ISAAC
AINHORN (Requerimento): Sr. Presidente,
requeiro, face o novo Requerimento
dos Vereadores Artur Zanella e João Dib que do mesmo seja ouvida a Auditoria da
Casa.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem): Apenas
para esclarecer os Vereadores requerentes que, no momento da entrada do segundo
Requerimento, a Mesa já havia decidido
em relação ao primeiro. Portanto, não cabe alteração de questão já decidida
pela Mesa. Este Requerimento deve ser recebido como novo Requerimento.
O SR.
PRESIDENTE (Valdir Fraga): Essa explicação
foi colocada e os Vereadores entenderam.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA: A minha Questão de Ordem
é para que a Mesa o receba como novo Requerimento.
O SR. ARTUR
ZANELLA (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, o Artigo 154 diz o seguinte: "Requerimento é proposição oral
ou escrita contendo pedido ao Presidente da Câmara sobre assunto determinado.”
Parágrafo 1º. (Lê o Parágrafo 1º.)
Então, eu solicito, baseado no Artigo 154 que seja
votado na mesma Sessão o Requerimento que foi entregue há minutos atrás. E
gostaria, também, de saber a decisão de V. Exª sobre o Processo.
O SR.
PRESIDENTE: Vereador, nós demos prioridade
ao Requerimento e nós vamos chegar na sua solicitação no decorrer da Reunião.
O SR. JOÃO
DIB (Questão de Ordem): Ainda dentro do
Artigo 154 do Regimento Interno, diz que a votação...
O SR.
PRESIDENTE: Com todo respeito, V. Exª não
precisa completar, porque a Assessoria já
me informou que V. Exª tem razão e o Ver. Artur Zanella também tem razão.
Nós vamos colocar em votação.
O SR. JOÃO
DIB (Questão de Ordem): E, para que seja
colocado em votação pode ser encaminhado pelo autor e um Vereador de cada
Bancada.
O SR.
PRESIDENTE: Nós vamos dar todos os direitos aos Vereadores.
Solicito ao Sr. 3º Secretário que proceda à
verificação de “quorum.”
O SR. 3º
SECRETÁRIO: (Procede à verificação de
"quorum".)
Há 9 Vereadores presentes, Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE: Há "quorum".
O Requerimento é o seguinte: de autoria do Ver. Artur Zanella, solicitando a constituição de uma Comissão Especial para averiguar o anunciado desaparecimento de máquinas desta Casa.
Encaminha o Requerimento o Ver. João Dib, que tem a
palavra.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, meu profundo respeito à Auditoria desta Casa, mas a minha
discordância total, porque nós vivemos um momento em que se pretende
estabelecer, e esta Casa age com lisura, com transparência e com dignidade. O
parecer da Auditoria, por mais respeito que mereça, alicerçado na cultura
jurídica de Helly Lopes Meirelles, diz que se poderia fazer uma comissão de
sindicância. Isso é o que diz o parecer. Mas, desta tribuna, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, eu havia dito, e vou repetir, alicerçado também no eminente
jurista Helly Lopes Meirelles, a legalidade, como princípio de administração,
significa que o Administrador Público está, em toda a sua atividade funcional,
sujeito aos mandamentos da Lei e às exigências do bem comum, e deles não pode
se afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido, e expor-se à
responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. A eficácia de
toda a atividade administrativa está condicionada ao atendimento da Lei. E a
Lei é a Lei Complementar nº 133, Estatuto do Funcionário Público Municipal, que
determina que a sindicância se faça apenas com um sindicante, independente se
tenha alguém a ser sindicado, ou o fato a ser observado. Também Helly Lopes
Meirelles diz que "poderes e deveres do administrador público são os
expressos em Lei", que volta a ser
a Lei Complementar nº 133, "os impostos pela moral administrativa e os
exigidos pelo interesse da comunidade. Fora dessa generalidade, não se poderá
indicar o que é poder e o que é dever do gestor público, porque estando sujeito
ao ordenamento jurídico geral e às leis administrativas especiais, só essas
normas, leis administrativas especiais, poderão catalogar para cada entidade ou
órgão, cargo, função, serviços ou atividades públicas, os poderes ou deveres de
quem os exerce". E é ainda Helly Lopes Meirelles que diz: "ato nulo é
o que nasce afetado de vício insanável, por ausência ou defeito substancial em
seus elementos constitutivos, ou no procedimento formativo. A nulidade pode ser
explícita ou virtual. É explícita quando a Lei comina expressamente, indicando
os vícios que lhe dão origem." E a Lei Municipal 133, Estatuto do Servidor
Municipal, é clara, insofismável, no sentido de que é apenas um sindicante.
Ainda o nosso Vereador Helly Lopes Meirelles fala mais aqui sobre o regime
estatutário, que diz que é "o modo pelo qual se estabelecem as relações
jurídicas entre o Funcionário Público e a administração, com base nos
princípios constitucionais pertinentes, nos princípios legais e regulamentares
da entidade estatal a que pertencem. Sob este regime, a situação do
Funcionário Público é estatutária.". Então, Helly Lopes Meirelles, citado
pela nossa douta Auditoria, é que me faz pedir que a Comissão Especial seja
validada, sob pena e risco de que a transparência dos atos desta Casa seja
escurecida. E eu disse ontem, neste Plenário, que o diabo sabe mais por velho
do que por diabo. Em 1975, instalei erroneamente uma Comissão de Sindicância e
criei um problema sério: sindicância se faz através de um sindicante, e não
através de uma comissão. Então, um processo que poderia ter sido resolvido
rapidamente, foi tumultuado, demorou meses para ser resolvido. Então, eu
pediria que a comissão pedida, independente do termo de acompanhamento da
sindicância, se a Mesa interpretar assim, que se faça, efetiva e presente,
fazendo ela mesma, se for o caso, a sindicância
que é indispensável. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Estamos encaminhando um
Requerimento. Está com a palavra, o
Ver. Vieira da Cunha.
Vereador Artur Zanella, a Mesa não vai lhe dar Questão de Ordem; nós entendemos da mesma maneira como V. Exª queria nos explicar, mas o Ver. Omar Ferri estava ao meu lado, e ele vai entender que estamos encaminhando.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA: Só para esclarecer ao
Ver. Zanella que eu havia me inscrito com antecedência, agora, a palavra será
conferida oportunamente ao Ver. Omar Ferri, que é Líder de uma Bancada. Mas,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho a esta tribuna para tentar contribuir
com o debate gerado pelo Requerimento proposto pelo Ver. João Dib acerca da
instauração de uma Comissão Especial para o acompanhamento, ou para a
realização da sindicância, para encaminhar contra este Requerimento, Ver. João
Dib, deixando claro, porém, que a Bancada do PDT, como de resto, tenho certeza,
todos os 33 Vereadores desta Casa querem que esses fatos sejam esclarecidos o
mais rápido possível. Agora, me permite o Ver. João Dib dizer que a Lei
Complementar nº 133, cujo texto tenho aqui em mãos, diz que a Sindicância,
§ 1° do artigo 222, a Sindicância será cometida a funcionário de hierarquia
igual ou superior ao do implicado, se houver. E efetivamente no § 2° este mesmo
artigo diz: "que o Sindicante dedicará tempo integral". Então tem
razão o Ver. João Dib que o texto legal se refere à figura do sindicante sempre
no singular. Agora, há de convir e me permita Vereador dizer isso, porque sou
um Vereador de formação jurídica, me permita dizer que não há nenhuma nulidade
nesta Portaria que instaurou a Sindicância, no momento que designa não um
funcionário, mas mais de um, pela simples razão de que se a Lei se refere a
sindicante e a funcionário, portanto, no singular, se é verdade isso, se é verdade
que não é exigência da Lei que seja a sindicância feita por uma comissão, é
verdade também, Vereador, que não há proibição de que seja feita por uma
Comissão. Se V. Exª ler o texto legal, em nenhum momento a Lei Complementar nº 133
proíbe que a sindicância seja feita por uma Comissão. Não há proibição nenhuma
de que haja a sindicância, e por não haver proibição legal, por conseqüência,
não há nulidade Ver. João Dib. V. Exª subiu à tribuna e aqui manifestou a sua
condição de Engenheiro e eu subo à tribuna para dizer que essa é uma questão de
interpretação do texto legal e assumo a minha condição de Promotor de Justiça,
e, portanto, acho que mereço o respeito de V. Exª por essa posição até em razão
da minha formação jurídica. Não há dúvida nenhuma, Vereador, de que não existe
nulidade nessa Portaria. O simples fato do texto legal se referir à sindicante
no singular, não significa que a sindicância não possa ser realizada por uma
Comissão. Portanto Sr. Presidente, em não havendo nulidade, não vejo por que,
nós Vereadores, não darmos a esta Comissão, já legalmente constituída, o prazo
de lei, que são 10 dias, para que essa Comissão apresente as suas conclusões à
Mesa Diretora e aos Srs. Vereadores. Num segundo momento, Ver. João Dïb, aí
sim, se nós enquanto Vereadores julgarmos que por uma razão ou outra não andou
bem nos seus trabalhos, se nos julgarmos insatisfeitos com os trabalhos dessa
Comissão, e vejam que são l0 dias, é um prazo até exíguo. São 10 dias. Se
dentro desses 10 dias, de posse do relatório de Sindicância, julgarmos que essa
Comissão não nos satisfez, aí sim, Ver. João Dib, nesse segundo momento, V. Exª
contará com o nosso apoio no sentido de que seja uma Comissão Especial
constituída para apurar os fatos. Agora, até em respeito a esses funcionários
já designados pela Presidência da Casa, que já estão trabalhando no cargo, que
são funcionários de alta qualificação, até em respeito a eles, aguardemos. É o
apelo que fazemos, aguardemos as suas conclusões. Sou grato, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, para encaminhar
o Requerimento de autoria do Ver. Artur Zanella, solicitando a consituição de
Comissão Especial para averiguar o desaparecimento de máquinas desta Casa, o
Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores.
Eu nem sei quem são as pessoas designadas para fazer essa sindicância. E nós no
primeiro momento queríamos somente acompanhá-las. Já que a Auditoria da Casa
nos diz que não pode haver comissão de Vereadores para acompanhar a
sindicância, nós alteramos o Requerimento. O Requerimento agora não trata mais
da sindicância, o Requerimento agora quer acompanhar o problema do
desaparecimento dessas máquinas. Acho que 10 dias é efetivamente um prazo exíguo
para um trabalho normal. Ora, Srs. Vereadores,
esse prazo neste momento é extremamente amplo em termos políticos. O
desaparecimento das máquinas agora é um das centenas de milhares de processos
que ocorrem, mas se houve desaparecimento das máquinas na Câmara Municipal, é diferente. O Jornal do Rio de Janeiro,
de maior circulação nacional, Jornal do Brasil, coloca o Presidente anterior da
Casa como suspeito e o cita nominalmente. Cita o ex-Vereador Sadi Schwertz,
ex-diretor da Casa, como passível de devolver, pagar junto com o Dr. Brochado e
outros. O ex-Vereador da Casa, Ver. Ignácio Neis esteve aqui hoje de manhã,
pedindo pelo amor de Deus que dissesse que não está nesse processo. E não está.
Só aparece o nome dele. Mas o único Vereador desta Casa que tem um recurso de
biografia chama-se Ignácio Neis. A Verª Gládis Mantelli já veio aqui pra dizer
que já enviou diversos ofícios, e ela não tem mais tribuna. Então, eu acho que isso aí não é uma parte
burocrática, acho que temos que acompanhar, porque é o decoro desta Casa. O que
vai aparecer, se nós não aprovarmos essa Comissão, e quero deixar bem claro
isso aí, para depois não haver problema,
é que a Câmara não quer uma Comissão. Isso vai aparecer: "Câmara nega-se
a investigar o desaparecimento de máquinas." É isso que é uma posição política. Não tenho a menor
dúvida de que a sindicância vai ser bem feita, mas a notícia da imprensa, hoje
à noite, é esta: "Câmara vota e não quer Comissão para examinar o desaparecimento
de máquinas." Então, acho que é uma decisão política, se é que existe essa
posição política no bom sentido - acho que não existe política no mau sentido,
mas como se costuma dizer "política no bom sentido", outros dizem
"política" com pê maiúsculo, que também não sei o que significa, mas
imagino, acho que esta Câmara não é para acompanhar sindicância, e está correto
este Parecer da Auditoria. E para os novos Vereadores coloco que, aqui nesta
Casa, quando se exigiu que a Auditoria preste todos os pareceres, deixou-se bem
claro que parecer da Auditoria baliza em termos jurídicos, e não em termos
políticos. Esta Casa já aprovou coisas contra e a favor da Auditoria e, enfim,
há instâncias de decisão, a decisão técnica, que é essa, que eu respeito - e nem poderia ser de outra forma -, e a
decisão política, num Requerimento para acompanhar essa questão. Então, é isso
o que eu coloco no segundo Requerimento, que não tem mais nada a ver com a
sindicância - aí é que está o problema. Mas nós queremos acompanhar, e eu, ao
menos, quero acompanhar politicamente a questão, que é extremamente relevante e
importante para esta Casa. E nós estamos tratando de algo que já caiu - e isso
é bom -, já caiu na discussão
pública, e ficará extremamente difícil a posição desta Casa se negar a
possibilidade de uma constituição de uma Comissão Especial de Vereadores para
acompanhar o caso, já nem falo mais na sindicância - acompanhar o caso. Temos
de acompanhá-lo, porque isso envolve a todos nós, até os que estão chegando,
porque acho que não gostariam de chegar numa Casa em que não se dá oportunidade
para os Vereadores, em Comissão, examinarem o fato. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O próximo a encaminhar o Rquerimento do Ver. Artur Zanella é o Ver.
João Motta, que está com a palavra.
O SR. JOÃO
MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
serão quatro anos de convivência onde a cada dia e cada hora e a cada minuto
nos descobriremos. Porém, em 24 horas, pelo menos nós já percebemos cada
particularidade dentro deste universo. E uma particularidade me parece que já
ficou visível na defesa feita pelo ilustre Ver. Artur Zanella, com relação ao
seu Requerimento. Qual é essa particularidade? Aliás, é uma particularidade que
informa toda a posição do Ver. Artur Zanella com relação a essa questão global que
nós estamos tratando e que envolve especificamente, agora, a questão das
máquinas. Anteriormente, na Comissão de Líderes eu me lembro, falamos que nós
iríamos agir baseados em duas preocupações fundamentais nessa questão: o
princípio da transparência, e, segundo, nós discordamos de posturas que
instalam um clima de desconfiança, de falta de confiança nos funcionários ou em
outras pessoas aqui dentro da Câmara sem que se tenha informações concretas
sobre o caso. E o Ver. Artur Zanella já faz na sua defesa quase que um
pré-julgamento sobre o futuro, sobre o funcionamento da própria sindicância ao
levantar a hipótese de que para garantir de fato, politicamente, a resolução
desse problema, nós deveríamos acoplar à sindicância
já instalada, a Comissão de Acompanhamento. Mas parece que exatamente neste
momento que nós divergimos deste Requerimento, ou seja, nós não achamos que
irão ser divulgadas notícias, a partir de hoje, de que a Câmara não quer a
Comissão, isso é uma afirmação que não tem nada a ver com que a Câmara não quer
a resolução desse problema e o esclarecimento desse problema. A Câmara quer,
sim, a transparência e quer, sim, o esclarecimento desse problema, tanto que
propôs a sindicância. Isso não é só em defesa da Mesa, é em defesa de todos os
Srs. Vereadores e, mais do que isso, é em defesa da Câmara Municipal de Porto
Alegre, do Poder Legislativo Municipal. É em defesa das nossas atitudes
políticas, jurídicas e formais aqui dentro.
Então, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, para concluir, nós estamos contra o Requerimento e
votamos pela continuidade do procedimento anteriormente decidido. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo rador.)
O SR.
PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos.
A Mesa informa que a votação será nominal. Solicito ao Sr. 3º Secretário que
proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores.
O SR.
SECRETÁRIO: (Procede à chamada para a
votação nominal.)
Votaram 09 Vereadores. Três votos SIM e 06
votos NÃO. REJEITADO o
Requerimento.
(Votaram
SIM os Vereadores Artur Zanella, João Dib e Vicente Dutra. Votaram NÃO os
Vereadores Adroaldo Corrêa, Décio Schauren, Isaac Ainhorn, Luiz Machado, João
Motta, e Vieira da Cunha.)
O SR. PRESIDENTE: Neste momento, nós respondemos ao Ver. Artur Zanella, até
mesmo para a Casa, se algums dos Srs. Vereadores desejar olhar o processo pode
recorrer à comissão de sindicância e, no local, olhar o que desejar: no local,
não poderá ser retirado do âmbito da comissão.
O SR. ARTUR
ZANELLA (Questão de Ordem): Gostaria de
saber se pode ser tirado xerox do processo, já que pode ser examinado no local?
O SR.
PRESIDENTE: Vereador, vou ter que
responder em outra oportunidade, porque vou ter que conversar com a comissão
para saber como se decide o seu pedido. É somente com a comissão.
Ainda para ser votado outro Requerimento, esse de
autoria do Ver. Vicente Dutra, solicitando a criação de uma Comissão Especial
para examinar problemas que envolvam a segurança da população de Porto Alegre.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Com a palavra, o Ver. Nelson Castan. Vai falar em
Comunicações.
O SR.
NELSON CASTAN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, pela primeira vez subo à tribuna desta Casa, saudando a todos os
companheiros. O que me motiva subir à tribuna é fazer um alerta em cima da
situação por que passa hoje o BRDE, - Banco Regional de Desenvolvimento
Econômico. Eu entendo que este Plenário, esse fórum não tem ações políticas
concretas ao seu dispor, porém entendo necessário que esta Casa se manifeste,
se pronuncie, a respeito desse problema.
O Sr. Artur
Zanella: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exª, ao tocar num assunto tão importante como
esse, só se equivoca ao dizer que esta Casa não tem ações políticas a respeito
desse assunto. Esta Casa tem, nos outros bancos em que houve a liquidação,
Sulbrasileiro, etc, ela, por uma Comissão Externa, atuou, e pode atuar. Eu
inclusive havia pedido em dezembro, recebi hoje os Anais, uma Comissão Externa,
que está no Regimento. Eu tenho impressão de que até pode ser pedida por V.
Exª.
O SR.
NELSON CASTAN: Então, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu falo aqui na minha condição de economista, de Professor
concursado na UFRGS, Departamento de Economia; Conselho Regional de Economia;
do Sindicato de Economia; e de funcionário da Fundação de Economia e
Estatítica, liberado para minhas funções de Vereador; e de estudioso e profundo
conhecedor dos problemas econômicos do Estado do Rio Gande do Sul.
Eu entendo que a história do BRDE é uma história de
participação decisiva no desenvolvimento econômico dos três Estados da região
Sul, especialmente do Estado do Rio Grande do Sul. Vários e largos setores
industriais foram implantados com o apoio decisivo dessa instituição
financeira. Também hoje já é de conhecimento da sociedade da eficiência
administrativa do BRDE, da seriedade e do critério com que ele tem sido
administrado nos últimos anos. Tanto que é o Banco de Desenvolvimento com o
mais baixo custo administrativo, dentre todos os bancos que atuam nessa área.
Por outro lado, o BRDE representa um instrumento que permite, efetivamente, a
tão buscada e tão lutada autonomia econômica da Região Sul e do Estado do Rio
Grande do Sul. Inclusive essa preocupação com a autonomia e com a
regionalização é manifesta na nova Constituição Brasileira. Exatamente no
momento em que a nova Carta Magna do Brasil se preocupa, pela primeira vez,
explicitamente, com esse assunto, nós estamos vivendo uma situação em que o
BRDE se encontra ameaçado total ou parcialmente. Também já é de conhecimento
que o fato que deflagrou a presente crise que envolve o BRDE diz respeito,
diretamente, a ações políticas de governos estaduais que utilizaram o BRDE para
finalidades que não estão previstas na sua concepção e na sua origem. O BRDE
passou a ser instrumento para arrolagem das dívidas públicas dos três Estados
e, com isso, ficou à mercê do descalabro das finanças públicas que caracterizam
esses três Estados da Região Sul, desde o final dos anos 70 e em processo
acentuado no início dos anos 80. Além disso, temos que estar sabedores de que o
sistema bancário privado está de olho no espólio do BRDE. Já começa a se
beneficiar com essa situação de incerteza que vive o banco. Hoje, o BRDE já não
consegue mais captar no mercado privado, captar títulos, vender seus CDBs, pela
insegurança que a aplicação nesse banco traz e, com isso, os bancos privados,
Bradesco, Itaú e os demais bancos que têm em sua estrutura um banco de
desenvolvimento, de investimentos, já estão se beneficiando largamente,
captando aqueles recursos que antes eram dirigidos ao BRDE.
Também é de se registrar o importante apoio que o BRDE
tem dado ao longo da sua história à necessidade de financiamento do setor público.
Isso me parece uma questão que, neste momento, no âmbito municipal, deve ser a
preocupação número um das Bancadas do PT e PCB, que compõem a Frente Popular,
de não permitir que um Banco que tem se mostrado muito importante no
financiamento, atividade do setor público, da iniciativa do setor público,
seja ameaçado como está sendo. Também nós sabemos que as dificuldades do BRDE,
dificuldades recentes, não aquelas dificuldades estruturais em que ele foi
levado a fugir ao seu propósito inicial, às finalidades para as quais ele foi
criado, que foram as aplicações de recursos do Banco de Alagoas, que sofreu
intervenção por parte do Banco Central. E, hoje, sabe-se que essa questão é de
uma magnitude limitada, relativa, e que o próprio lucro do BRDE permitiria
absorver o prejuízo envolvido na aplicação infeliz feita pelo PRODOBAN. Então,
trata-se de uma questão administrativa que pode ser corrigida dentro da
estrutura e da capacidade do próprio BRDE, e não transformado numa questão
institucional que gere essa polêmica que envolve e busca a inviabilização do
Banco e busca a sua supressão total e parcial.
Também temos que ter consciência que mesmo que o BRDE
não seja extinto na sua totalidade, o fracionamento nos Estados do Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul irá reduzir em muito a sua capacidade de
financiamento, inviabilizando projetos que estão em andamento, que estão em
análise no setor de estudos do Banco. Então, a simples inviabilização parcial,
ou seja, tornando o BRDE um Banco exclusivamente gaúcho já é uma perda enorme
para a nossa economia.
Nós temos um dado do BIRD - Banco Interamericano de Desenvolvimento que está
prestes e já concordou em aportar cem mihões de dólares ao BRDE e que, para
fazer isso, espera um esclarecimento da situação do Banco. Também sabemos que
um valor muito maior do que esse que foi aplicado no PRODOBAN é devido pelo
Tesouro do Estado do Rio Grande do Sul ao BRDE. O Ministério da Fazenda
autorizou a emissão de OTEs, Obrigações do Tesouro do Estado, vinculadas especificamente a saudar dívidas do Tesouro do Estado para com
o BRDE. Essas OTEs foram vendidas e esse recurso não chegou ao seu destino
corforme previa a liberação do Ministério da Fazenda. Isso na gestão anterior
do Ministro Bresser Pereira.
Também tem que ficar registrado que não há, por parte
dos funcionários do Banco, qualquer interesse corporativo na sua manutenção,
mesmo porque eles são todos funcionários concursados e têm estabilidade e
todos os seus direitos garantidos. Assim eu me manifesto. Vou protocolar, nesta
Casa, uma Moção de Apoio à manutenção integral do Banco Regional de Desenvolvimento
Econômico. Possivelmente esta Moção virá à Mesa na próxima Sessão para ser
avaliada e votada. Quero também, da tribuna, saudar o meu amigo e colega de
trabalho, Dr. Acurso, que acabou de se exonerar da Secretaria Estadual do
Planejamento, em função de vários problemas e tendo como problema final a sua
inconformidade com os caminhos que o Governo do Estado está levando à
instituição BRDE.
Por último, quero fazer um apelo à Bancada da Frente
Popular para que, da legitimidade popular do nosso novo Prefeito Olívio Dutra,
ele se manifeste veementemente contra esforços mesquinhos e vontades escusas de
extingüir um patrimônio que é da Região Sul, um patrimônio que é do nosso
Estado, que se chama Banco Regional de Desenvolvimento Econômico. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Mano José Jr.
O SR. ARTUR
ZANELLA (Requerimento): Requeiro, tão logo
o Ver. Mano José termine o seu pronunciamento, seja feita verificação de
"quorum".
O SR. MANO
JOSÉ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
subo a esta tribuna, pela primeira vez, para me pronunciar nesta Casa,
estarrecido e até mesmo perplexo com o que eu acabo de ouvir nesses dois
primeiros dias de Reunião nesta Casa. Nós tivemos oportunidade de ouvir o
Líder do Governo anterior, do PDT nesta Casa, dizer que está preocupado com as
declarações da atual Secretária de Educação, com o andamento que o PT dará aos
CIEM, se eles vão continuar, se eles serão extintos. O que nos deixa assim
bastante perplexos e estarrecidos é que a preocupação deste Governo que estava
na Prefeitura Municipal era somente com a educação. Desde ontem, estamos
ouvindo pronunciamentos de vários colegas sobre os problemas que a Prefeitura
já vinha e deverá enfrentar ainda mais neste próximo governo. Nós, aqui, viemos
hoje num apelo ao PT, num apelo à Frente Popular, para que tome providências na
área da saúde, a saúde municipal, que tão negligenciada foi nestes últimos três
anos. Nós trazemos hoje aqui a nossa preocupação. Ontem, tínhamos a preocupação
da Liderança do PDT, frente a como é que ficariam essas crianças quanto ao seu
estado nutricional, como é que se daria dentro dos CIEMs, como é que se daria
sem os CIEMs. Agora, eu pergunto a todos o seguinte: adianta estado nutricional
enquanto a criança está doente? Adianta estado nutricional enquanto as nossas
crianças, filhos de funcionários municipais, não têm o atendimento devido no
Hospital Porto Alegre?
O Sr.
Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para esclarecer a V. Exª que o fato de a educação
ser uma prioridade não significa uma exclusividade de preocupação. E educação foi e é prioritária para o
PDT, mas não foi só ela tratada. Apenas me referi só à questão educacional,
porque prioritária e porque não tive tempo ainda de tratar de outros assuntos.
Para finalizar, Vereador, quero dizer que, no CIEM, não só assistência
alimentar, mas também assistência médica e odontológica é proporcionada às
crianças.
O SR. MANO
JOSÉ: Temos conhecimento disso. Só que
coloco a todos, e novamente chamando a atenção da Frente Popular, o fato de que
temos uma situação grave frente aos municipários, frente aos funcionários desta
Casa e frente a nós próprios enquanto Vereadores e pertencentes a esta Casa.
Nós estamos com o Hospital Porto Alegre próximo a fechar suas portas e estamos
aqui discutindo como ficarão os CIEMs, como deixarão de ficar. Achamos que, sem
saúde, não adianta enviar criança à escola; sem saúde, não adianta querer
levar qualquer outro setor de nossa Cidade.
O Sr. Luiz
Machado: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu gostaria de saber o seguinte: a minha colocação de
ontem foi no sentido de alterar o projeto inicial do CIEM, que é turno
integral. Pois sou contra, por um motivo, porque se o Projeto é de turno
integral, no momento em que se interrompe isso, se altera, penso eu, o
principal. Porque o filho do trabalhador não tem o básico, e precisa desse
apoio do Governo junto ao CIEM para que a criança possa chegar pela manhã,
tomar o seu café, é isso que vejo na vila que represento, o almoço e as demais
refeições do dia. Se for repartido em
dois períodos, e não em turno integral, serei contra.
O SR. MANO
JOSÉ: Não obrigatoriamente. No tempo do
companheiro João Dib, no tempo do Villela, tínhamos refeições oferecidas
quando era em dois turnos,ou quando a criança se dirigisse até lá. Então,
trazemos o nosso repúdio, o PT, hoje, já se manifestou frente às 2.000 mil
viúvas de municipários que estão sem receber; estamos com,
aproximadamente, 130 funcionários na Associação dos Funcionários Municipais,
sem receber. Adianta mostrarmos a essas pessoas que faremos CIEMs? Acho que
barriga vazia nunca levou a nada, e nunca levará. Estamos pedindo providências
ao PT, que tome medidas acerca destas 2.000 mil viúvas que estão sem receber, e dos funcionários do Hospital Porto
Alegre. Peço e imploro a Deus que
nenhum de nós, nesta sala, fique doente e precise entrar no Hospital Porto
Alegre, porque a situação está difícil, e quem precisar de algum exame, ou
transfusão de sangue, pode se encaminhar até lá, mas para buscar seu atestado
de óbito. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O Ver. Artur Zanella havia
solicitado que se fizesse verificação de quórum.
O SR. ARTUR
ZANELLA: Eu retiro o pedido.
O SR.
PRESIDENTE: Até porque tem “quórum”,
porque se não tivesse, eu levantaria os trabalhos. Há “quorum”, são 06
Vereadores: Ver. José Valdir, Ver. Heriberto Back, Ver. Giovani Gregol, V. Exª
está com a palavra, se assim desejar.
O SR.
GIOVANI GREGOL: Ilustre Presidente,
Ilustres Vereadores, é com grande satisfação que eu venho aqui ocupar, pela
primeira vez, a tribuna desta Casa. Soma-se a esse fato que também pela primeira vez nessa Legislatura de
quatro anos, um militante do movimento ecológico desta Cidade, deste Estado,
vem ocupar esta tribuna. Nós tivemos na Legislatura passada uma pessoa que hoje
ocupa o cargo de Secretário do Meio Ambiente do Município, identificada publicamente
como militante desse Movimento. E outros Vereadores, inclusive o Vereador que
hoje ocupa a Secretaria de Transportes, companheiro de partido Antonio
Hohlfeldt, também membro do Conselho como eu, como o Ver. Caio Lustosa, hoje,
Secretário, membros do Conselho Superior da AGAPAN — Associação Gaúcha de
Proteção ao Ambiente Natural, à qual eu faço uma especial referência, no
sentido de que ela é a primeira considerada unanimimente, a primeira entidade
ecológica deste País, fundada em 1971. E queria fazer aqui dois registros em
função dessa nossa luta já de 15 anos pela vida, não só dos animais, das
plantas, mas também das pessoas. Porque nós, ecologistas, sabemos que o meio
ambiente é um todo integrado e aquilo que afeta, que prejudica uma parte do
ecossistema também tem reflexos sobre as demais, incluíndo aí a vida e a sociedade
humana. E as duas referências, a primeira é alegre, é a respeito do Prêmio
Internacional chamado Nobel Alternativo que recentemente o fundador da nossa
entidade, pioneiro das lutas ecológicas no Brasil e na América Latina, José
Lutzenberger, recebeu. José Lutzenberger, eu considero meu mestre de luta, de
vivência e de ideal, recebeu esse Prêmio e teve, digamos assim, a gentileza de,
ao recebê-lo, dizer que o recebia, não apenas em nome próprio, mas em nome de
todos aqueles que, na América Latina, lutaram e lutam e tombaram, inclusive, e
foram perseguidos, reprimidos, e ainda o são. Lutaram em função da defesa da
vida e da ecologia em geral. E a segunda nota justamente é trágica. De novo,
aqui, uma homenagem, uma citação especial, e que não poderia deixar de fazê-lo,
ao ecologista e líder sindical Chico Mendes, que é um dos tantos, não foi o primeiro e, infelizmente, não será o último
daqueles que tombaram na luta pela defesa de uma vida melhor para todos os
brasileiros. Chico Mendes não era só ecologista, era Presidente do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais de sua
cidade, aliás, sucedendo um outro companheiro, chamado Wilson Pinheiro, que
hoje dá nome a uma fundação ligada ao nosso partido, também assassinado, ocupou
o mesmo cargo; Chico Mendes era da direção regional da CUT, era seringueiro,
líder, fundador dos comitês de defesa dos povos da floresta, incluíndo aí os
seringueiros, os indígenas, também tão maltratados, tão perseguidos no nosso
País, inclusive pela política oficial, e outros tantos trabalhadores, chamados,
genericamente, de amazônicos, que lá moram na floresta. E Chico Mendes tombou,
mas a luta continua e ela servirá de exemplo e de incentivo para todos nós que
participamos dessa luta. E quero conclamar aqui todas as pessoas desta Casa, especialmente
os colegas Vereadores, porque a luta pela vida não tem fronteira, deve ser
levada por todos nós e quero responder ao ilustre Ver. João Dib, que não está
presente, que me fez uma saudação, fez uma saudação geral a todos os
ecologistas, e eu devolvo a ele agradecendo, e comentando que, quando Prefeito,
ele sempre dialogou conosco; brigamos muito, quando ele teve a intenção de
fazer o aterro na Praia de Ipanema. Naquela época eu era Secretário-Geral da
AGAPAN, mas sempre nos recebeu e nos respeitou, ao contrário de outros
Vereadores que durante a sua gestão só fizeram espezinhar e ofender, inclusive
publicamente, os militantes, independentemente de filiação partidária, porque o
nosso movimento não tem partido, temos pessoas de todos os partidos na AGAPAN e
demais entidades do movimento.
Mas eu queria colocar aqui algumas coisas a respeito
da situação ambiental que a Frente Popular herda da Administração Municipal.
Alguns comentários a respeito do que se leu, recentemente, afogamento. No dia
dois se leu, no Correio do Povo, notícia do dia anterior, que uma moça morreu
afogada, de 20 anos, em frente ao Gasômetro, ao se banhar, e que uma menina de
13 anos não se afogou porque foi retirada da água quase já morrendo naquele
local. E nós observamos que naquele local, onde muitas pessoas tem ido para o
seu lazer, para o banho de sol e eventualmente porque não agüentam o calor,
várias pessoas têm entrado ali no rio e as mortes têm sido muitas. Nós sabemos
que quando houve a formação do parque, as dragas que retiraram a terra para a
formação do aterro fizeram profundos buracos. E não existe nenhum tipo de
fiscalização, sinalização, nem salva-vidas lá. Além disso, não existe a mínima
infra-estrutura, não existem banheiros públicos, chuveiros, não existe acesso
para o público que ali vai vencer o talude da Avenida Beira-Rio. O ex-Prefeito
Alceu Collares disse que essa era a sua grande obra, que ligava a Cidade ao
Rio. Parece que ele pensou só nos automóveis, porque as pessoas que por lá
passam não conseguem transpor a barreira da Avenida e chegar ao Rio, a não ser
com exercício de equilibrismo, já que não existe escadaria, são poucas
sinaleiras, poucos quebra-molas, assim por diante. Concedo o aparte ao
Vereador que me solicitou anteriormente.
O Sr.
Vicente Dutra: Ver. Gregol, eu queria
cumprimentar V. Exª pela manifestação ilustre que faz em torno da ecologia,
fico satisfeito em saber que esta Casa ganha um nome de expressão como é V.
Exª pela experiência que V. Exª tem nessa luta de 15 anos, como bem diz. Recordo
que na Legislatura retrasada, 77 a 82, este modesto Vereador, juntamente com a
Verª Jussara Gauto, foram duas vozes que lutaram muito para conseguir alguns
avanços aqui na proteção ambiental de Porto Alegre, entre as quais, a Lei
Complementar nº 51 a Lei do Impacto Ambiental. São as duas leis principais de
Porto Alegre, de proteção ambiental. Fico satisfeito de ter mais ativistas
nesse movimento para que possamos lutar para que se tenha uma Porto Alegre mais
humana, mais feliz, ecologicamente equilibrada. Agora, queria me congratular
com V. Exª quando cita essa instituição já
nem brasileira, nem gaúcha que é Lutzenberger, que é um homem
internacional.
José Lutzenberger, pessoalmente com ele, e quando
estava na direção do DMLU muitas práticas que lá eram desenvolvidas, graças à
orientação expontânea, graciosa de Lutzenberger nós modificamos para que o
manejo do lixo não ocasionasse malefícios ao meio ambiente como vinha
ocasionando em alguns pontos. Me congratulo com V. Exª, foi muito merecido o título
que recebeu de Prêmio Nobel Alternativo. Meus cumprimentos.
O SR.
GIOVANI GREGOL: Muito obrigado, Vereador.
Ouvindo o ilustre Vereador que me aparteou, eu recordava que fui um dos cinco
membros da equipe da AGAPAN aqui citada, fundada e liderada por José
Lutzenberger que subiu - teve a satisfação de subir na torre da Usina do
Gasômetro. Aquilo foi um trabalho de equipe, não fui eu que inventei aquilo.
Foi um trabalho de equipe, de cinco companheiros nossos, incluindo a mim, que
subiram lá, e uma equipe de técnicos deu apoio, sem a qual teria sido
impossível a nossa permanência lá, colocando aquela faixa: “Não ao Projeto
Praia do Guaíba”. Quanto ao Projeto, vamos falar em outro dia.
Mas, concluindo, a questão do incêndio tão falado
recentemente, no dia 3 a imprensa local falou do incêndio. Esse incêndio era de
uma empresa que guardava, entre outras coisas, produtos químicos altamente
perigosos, inclusive é dito que os bombeiros tiveram dificuldades de trabalhar
lá. Dois, inclusive, foram intoxicados. E fica a pergunta aqui nossa, aliás,
que nós vamos corrigir esse tipo de situação, como é que uma indústria daquelas
se encontrava ali em plena zona residencial, ao lado de um colégio com dois mil
alunos, e quem concedeu o alvará permitindo a permanência ali daquela
indústria. Esse tipo de situação, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
Administração da Frente Popular não vai permitir que se repita, não vai
permitir a continuidade desse tipo de ataque à vida, à integridade das pessoas
e do meio ambiente da cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Tempo de Liderança com o Ver.
Vieira da Cunha.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o meu pronunciamento é simples, curto. Apenas não poderia deixar de
me manifestar a respeito de uma afirmativa feita aqui da tribuna pelo
companheiro Ver. Giovani Gregol a respeito daquela que é uma das obras mais
destacadas pelo Prefeito Alceu Collares, que se chama Avenida Beira-Rio. É para
discordar da afirmativa do Ver. Gregol que a Avenida Beira-Rio se transformou
num obstáculo às pessoas e dizer que nesse curto tempo de existência da Avenida
comprovou exatamente o contrário: quantas eram as pessoas que se utilizavam
daquele espaço? Quantas eram as pessoas antes da Avenida Beira-Rio que iam,
mesmo no verão, tomar seu banho de sol naquela área pública? Certamente eram
muito poucas e bastou que a Avenida fosse construída para, vejamos, centenas de
pessoas, diariamente, utilizarem aquele espaço.
Então, Vereador, em vez de um obstáculo foi exatamente
a construção daquela Avenida que devolveu o Rio à sua população e está fazendo
com que o porto-alegrense abrace novamente o nosso Rio Guaíba, que antes da
Avenida Beira-Rio só era desfrutado lá em Ipanema. Queremos dizer também que
estamos muito satisfeitos com a posição do novo titular da Pasta do Meio
Ambiente, que negará que já anunciou que dará continuidade ao Projeto Rio
Guaíba, porque anuncia que já vai instalar lá sanitários, chuveiros. Esse é
mais um passo. Não se pode cobrar da nossa Administração que fizemos uma avenida
com poucas faixas de segurança ou que falta infra-estrutura, porém toda essa
infra-estrutura e o que falta está previsto no Projeto e sabe bem o Ver. Gregol que por falta de tempo e também por falta de condições
financeiras é que não podemos empreender e lançar mão de todo o Projeto, mas a
Avenida Beira-Rio é o primeiro passo que foi dado pela nossa administração e
agora o Ver. Caio Lustosa, o novo Titular da Pasta do Meio Ambiente, já anuncia
que construirá sanitários, que colocará chuveiros, enfim, a Administração da
Frente Popular, nós folgamos em saber que
está pouco a pouco revisando a sua posição inicial crítica...
O Sr.
Adroaldo Corrêa: Não vamos dinamitar.
O SR.
VIEIRA DA CUNHA: Ah! Não vão dinamitar! Já
é o primeiro passo; o segundo passo é instalar o sanitário; o terceiro, a
ducha, e o quarto, quinto e sexto passo talvez sejam dados, ainda, na
Administração da Frente Popular, que quem sabe vai concluir, nesses quatro
anos, o Projeto Praia do Guaíba, tão criticado e tão polêmico, mas que foi
dado início com a aprovação desta Casa, a construção da Av. Beira-Rio. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cyro
Martini.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, inicialmente, eu quero
dizer do nosso reconhecimento pelo pedido formulado pelo Ver. Luiz Vicente
Dutra, a respeito da organização de uma comissão referente à segurança pública,
à violência e à criminalidade.
Para nós, oriundos dos quadros policiais, tendo
partido a solicitação de alguém não oriundo da nossa Organização, isso nos
tranqüiliza, porque, se tivéssemos feito o pedido, talvez caíssemos em
suspeição ou sentimento parecido, entendimento semelhante.
Então, quero saudar o pedido feito pelo nobre
Vereador. E, de outra parte, acentuar, enfatizar, que, realmente, o problema da
criminalidade comum, e falei ontem e falaram vários pares, hoje, aqui, é de
natureza tal a inquietar, a afligir, profundamente todos nós desde o Centro de
Porto Alegre até o beco mais humilde da vila mais modesta de Porto Alegre.
Mas, eu quero registrar, por outro lado, uma
preocupação dos componentes da organização policial, que, no sentido amplo, é
aspecto que também diz respeito à qualidade do serviço policial como um todo,
embora o policial exerça o seu mister por gosto, por vocação, e nem poderia ser
de outro modo, porque se nós olharmos para a atividade do policial e
constatarmos que o risco de vida é inerente à sua atividade, que o perigo constante
no desenvolvimento dos seus afazeres, nós não poderíamos entender de outra
maneira que não a vocação, o gosto pelo exercício dessa atividade, levasse
alguém a exercê-la, mas há questões de natureza material que preocupam também o
policial, não a ele como profissional, mas a ele como chefe de família, como
alguém que merece ver reconhecida a sua atividade e a partir daí os policiais,
investigadores, inspetores, escrivães, comissários e delegados de polícia,
estão esperando que o Governo do Estado, que costuma ser ágil, rápido nas suas
decisões, aplique o dispositivo Constitucional, da atual Constituição,
previsto no artigo 241. Artigo que diz: "Aos delegados de Polícia de
carreira aplica-se o princípio do artigo 39, parágrafo 1º, correspondente às
carreiras disciplinadas no artigo 135 desta Constituição." O artigo 135
trata da advocacia e da defensoria pública, não vem ao caso por ora. O artigo
139 no seu parágrafo 1º diz: “a Lei assegurará aos servidores da Administração
Direta isonomia de vencimentos, para cargos de atribuições iguais ou
assemelhados do mesmo Poder, ou entre os servidores dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, ressaltadas as vantagens de caráter individual e as
relativas à natureza ou ao local de trabalho.
Portanto, o problema de isonomia está preocupando as
várias entidades componentes da classe policial, e aos policiais isoladamente.
Tem sido objeto de preocupação da Associação dos Delegados de Polícia, UGEIRM,
da ACP, UGAPOCI, tem preocupado a isonomia de um lado, de outro lado a
preocupação se aprofunda, toma níveis e angústia.
Repito, o policial gosta da sua atividade, e faz por
vocação e não por razões de ordem material. Correr risco, correr perigo de
vida a todo instante, por mais elevado que seja o salário, não seria suficiente
para atrair alguém apenas por essa razão, para o exercício da atividade própria
do policial. Mas para citar um exemplo do vencimento atual de um policial, eu
trago o meu exemplo.
Eu tenho
vários anos de atividade policial. Já fui Diretor do Departamento de Trânsito,
Diretor Estadual de Diversões Públicas, Diretor de Ensino da Escola de Polícia e, por último, titular da
15ª Delegacia de Polícia. Pois, com toda essa bagagem, com todos esses anos de
exercício na função policial o meu vencimento bruto não chega a 500 mil
cruzados. Claro que se nós formos comparar com os trabalhadores que têm um
salário de miséria e de fome, esse salário evidentemente é razoável, mas se
compararmos com as categorias iguais, assemelhadas a dos policiais, especialmente
dos Delegados de Polícia, isso é uma miséria, em razão da dignidade e da
responsabilidade das atribuições pertinentes à autoridade policial. Então, isso
é algo que nos preocupa, mas vejam, quando num programa da Rádio Gaúcha, do
Lazier, ele se preocupava, com o problema do vencimento do investigador de
polícia, por exemplo, eis que poderia ser convidativo à prática de desvios
morais no comportamento profissional, embora nós tenhamos, na oportunidade,
salientado que por força de vocação e da formação moral raramente alguém,
dentro da corporação, se desvia do caminho reto do cumprimento do dever, na
verdade a preocupação fica no ar. Quando nós vemos que um investigador de
polícia, de terceira classe, isso significa que tem vários anos de atividade
policial, percebe líquido Cz$ 125. 289,03, isso é algo de estarrecer, é algo
de preocupar aqueles que guardam o tesouro, no sentido figurado, ou no sentido
mais exato, aqueles que guardam a vida humana, o bem patrimonial das pessoas,
não têm, por parte do Governo do Estado, reconhecido o direito que eles têm a
um salário digno. E não têm, por outro lado, a oportunidade de ver o Governo do
Estado decidir já pela isonomia salarial e, por via de conseqüência, também
observar os índices de vencimento por parte das demais carreiras policiais
civis do nosso Estado.
Eu agradeço a atenção dos senhores, não estou
repetindo uma preocupação; eu estou apenas dando ênfase a esse aspecto relativo
à segurança. Como nós vimos, foi um problema largamente debatido ontem, novamente
hoje, e sei que, a partir da Comissão solicitada pelo nobre Ver. Luis Vicente
Dutra, nós haveremos de encontrar sugestões mediante as quais o Governo
Estadual se agilize para resolver as questões pertinentes à criminalidade no
nosso Estado. Muito brigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
declaro encerrados os trabalhos da presente Reunião.
(Levanta-se a Reunião às 14h01min.)
* * * * *